A GENTE ENCONTRA - QUE TAL ALGO NOVO? HEIN? HEIN?HEIN?


Somente os extremamente sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam. - Confúcio
E não é que é verdade? Mudar é preciso. Transformar-se de tempos em tempos, fundamental. Afinal, a mudança faz parte do crescimento e da maturação de qualquer processo evolutivo. É por isso que o AGE - A GENTE ESCREVE mudou (tchan, tchan!) para AGE - A GENTE ENCONTRA. Uhruu!!



Se você é novo por aqui, em primeiro lugar, seja muito bem-vindo. Para os fieis seguidores nestes quase 10 anos, meus agradecimentos de coração. Dá trabalho fazer um blog que busca trazer conteúdo relevante como informação e entretenimento ao mesmo tempo. Mas também dá muito prazer descobrir que vale a pena levar até vocês artigos e matérias que causem alegria, risos, reflexão e conhecimento. Seguidores, seus lindos, continuem curtindo e compartilhando!!!


O AGE - A GENTE ENCONTRA está sendo modificado gradualmente e todas as suas 256 postagens atuais serão revistas, atualizadas se necessário e corrigidas. Teremos publicações traduzidas, mais conteúdo e novidades sobre livros, cinema, música, cultura pop e nerdices em geral. Um aviso superimportante:

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Comentários são fundamentais para melhorar artigos e descobrir o que vocês, leitores, mais gostam. Drama de todo blogueiro, sugestões e comentários (educados de preferência, ouviram haters?) são sempre bem-vindos. Uma dica simples para deixar todo blogueiro feliz é a regra dos "3C´s": Curta, Comente, Compartilhe. Fácil, né? 

Por enquanto é isso, amiguinhos. Aguardem novos posts para breve, avisem a família, os amigos, o chefe, a empregada e o porteiro :)

A gente se encontra no AGE. Até a próxima!!!



 
 

CULTURA DO MEDO E A SOCIEDADE DA TRAGÉDIA ANUNCIADA


O medo é o pai da moralidade. - Friedrich Nietzsche

 Lá nos anos 80, lembro da minha avó falando sobre como os comunistas iriam tirar nossas casas e bens, caso certo partido fosse o vencedor das eleições. Lembro também das histórias sobre o "homem do saco" que pegava as crianças que ficavam tarde na rua e a "loira do banheiro" que aparecia, apenas, para as crianças que não obedeciam os seus pais. Pelo que parece, infligir o medo sempre foi uma ferramenta útil para controlar os impulsos de filhos e das pessoas em geral.

É no medo que reside aquela insegurança particular, só sua, que alimentas as incertezas sobre o futuro, a vida e os relacionamentos em geral. É no medo que está aquela sensação de que algo vai ser tirado de você e que nada pode ser feito a respeito. O que talvez você não saiba, é que o medo é um mentiroso.


A grande estratégia do medo é garantir que você não tenha acesso ao que sabe fazer. Ao questionar suas habilidades adquiridas e duvidar do que aprendeu, você vacila. Na biologia, esse vacilo é positivo: o medo é uma ferramenta poderosa para avaliar a segurança do ambiente e possíveis predadores. Mas na vida moderna e urbana das grandes cidades, o perigo não é um grande leão da montanha ou um incêndio na floresta. Na sociedade contemporânea, o medo não vem somente da Natureza. Ele é fabricado diariamente nos meios de comunicação. 

Fica difícil se lembrar qual era a programação de uns 10 anos atrás na tevê aberta. Qualquer sociedade sempre teve que conviver com crimes e violência, doenças e acidentes mas tudo isso era particionado, mostrado em doses breves nos jornais e noticiários. Isso, antes do medo virar um produto. Agora o medo vende, desde de séries sobre Zombies até seguros para carros e casas. O medo é um ótimo negócio e sempre foi. Diferente das opções naturais que o medo proporciona (enfrentar a ameaça ou fugir), escolhemos acreditar no medo e não fazer nada a respeito.


Nos dias atuais, o medo tem sido usado para inflamar questões políticas importantes, confundir os pensamentos e reduzir as respostas. É preciso lembrar que a Cultura do Medo não lida com fatos (fatos fazem parte do pensamento racional) mas com as emoções mais primitivas que possuímos. Medo de perder um ente querido? Faça agora o seguro tal. Medo de não ter dinheiro para pagar as contas? Faça esse empréstimo e viva tranquilo. Medo que tirem tudo que você tem? Entre no nosso partido e nós protegemos você. 

Na Cultura do Medo, o controle do que você pensa é muito importante. Na verdade, a questão é controlar para que você não pense. É apertar aqueles botões certos que podem transformar um simples ato de comprar pão em uma questão social radical, um problema a ser resolvido. Medo é a "Fake News" que vira fato e verdade, dentro de você.

O medo é mentiroso mas muito inteligente. Ele vai pegar o que você mais ama ou admira e sugerir que isso vai ser tirado de você ou destruído para sempre. Nosso ego e orgulho pessoal tendem a lutar pela sobrevivência e sem que você perceba, estará fazendo o que não quer, achando que é exatamente disso que precisa. Afinal, fica difícil pensar quando se assiste 6 horas de violência na tevê, todos os dias. Infelizmente, não basta desligar a televisão. É preciso ligar o cérebro também. E deixar o coitado sair da caixa pra tomar um sol de novas ideias e valores. Só pra variar.


Pensar por si mesmo pode até ser considerado um ato de violência atualmente. E pensar no quê? Na informação que recebemos das redes sociais, das pessoas e dos sistemas de comunicação em geral. O medo nasce sempre da falta de informação, do entendimento superficial sobre qualquer assunto. Confirme as fontes antes de sair compartilhando um novo vírus, pessoa desaparecida, correntes para doação ou "depoimentos"que postaram no seu face. Assistir dois ou três jornais e sites diferentes para ver como a mesma notícia é transmitida pode ser uma boa opção. 

O Brasil tem 13 milhões de analfabetos, sendo que 60% dos analfabetos funcionais estão trabalhando. Um analfabeto funcional é aquele que consegue até fazer contas e trabalho braçal mas não consegue interpretar um texto. Mas pode ter certeza que ele consegue compartilhar tudo que cai na rede social dele. Sem critério ou avaliação. Eles não são o problema. O problema é quem possui inteligência e não usa.


Você não nasceu com um partido, time de futebol ou religião. Isso foi oferecido ou proposto a você e sempre deve passar por uma reavaliação de tempos em tempos. A violência vem da não aceitação e o medo adora uma intolerância. Toda reflexão (ato de pensar antes da ação) precisa de tempo e tempo é algo que todo mundo reclama que não tem. Porém, as pessoas passam horas na fila do show do seu ídolo ou dias em uma passeata, jogando um game no celular ou nos grupos do Zap Zap. É aquele famoso dilema entre o prazer e o dever. E pensar com clareza é um dever obrigatório para entender o mundo em que vivemos. 

Assistir um filme adaptado das obras de Shakespeare não é o mesmo que ler Shakespeare. Para entender qualquer assunto, além da superficialidade rápida das redes sociais, é preciso um pouco mais de esforço e dedicação da nossa parte. É hora de dar corda no cérebro. E rápido!


A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio. - Martin Luther King

Neste momento, vivemos o que os americanos chamam de "tempestade perfeita", uma série de eventos que se somam tragicamente. O inverso do medo não é a coragem, é a estratégia. Ninguém pula no fogo achando que não vai se queimar. Mais do que escutar, precisamos aprender a ouvir e até mesmo a calar os impulsos que transformam o medo em pura violência e a liberdade em libertinagem.

Conquistas como a democracia e o patriotismo, não deveriam ser tratadas como um produto para manipulação de massa ou poder político/religioso/comercial. Não deveriam mas são. E também somos responsáveis por isso.

Em uma sociedade da tragédia anunciada, estamos todos no mesmo barco. Podemos mudar? Podemos evoluir? Podemos transformar o mundo em um lugar de respeito pela opinião do outro e trabalhar a pluralidade sem pular no pescoço de quem discorda da nossa opinião? 

O que você realmente sabe sobre racismo, empoderamento, gestões de gênero, feminismo, política, religião e cultura em geral que vai além do famoso "achismo"? O que realmente sabemos, afinal? 

Não deixe o medo responder estas e outras perguntas realmente importantes por você. Temos eleições pela frente. Será o medo, o grande vencedor que irá reinar? Boa sorte e até a próxima!

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ENSINA-ME COMO UMA CRIANÇA: REAPRENDER NO COMPLICADO UNIVERSO ADULTO


Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito. É muito difícil ficar adulto. - Caio Fernando Abreu

Um amigo, muito inteligente e artista que está lá nos seus 60 e poucos, me disse que não deseja mais ampliar seu universo. Não deseja mais ler tantos livros ou conhecer a banda de sucesso do momento. Não deseja mais ter que fazer a cansativa escolha de descobrir se gosta ou não disso e daquilo. Seu universo é aquilo que coletou durante tantos anos e ele está safisfeito com isso. 

Outra amiga vai se separar. Ela não tem nem 40 anos ainda mas já desistiu de casar de novo. Nunca mais, Deus me livre, essas coisas. Seu universo está em crise e as escolhas já foram feitas no calor do momento. 

Ensina- me como se eu fosse uma criança.

Não lembro onde li ou ouvi esta frase porque já faz algum tempo. Guardo como se fosse um Mantra, um poeminha japonês, um Haikai que me inspira uma certa paz para encontrar a paciência para reaprender e, quem sabe, ensinar alguém. É algo que repito para mim mesmo e me esforço para seguir. Só que nem sempre funciona.

Se você for um "adulto" e realmente honesto sobre a sua condição de "gente grande", vai concordar que adultos são pessoas cansadas, preguiçosas e conservadoras para aprender coisas novas. É uma triste verdade, eu sei, mas é o que é. E você também sabe.

Trabalho, família, contas, cuidar da casa, responsabilidades diversas, mais contas, relacionamentos complicados, busca pela felicidade, amigos, faculdade, crianças, ainda mais contas, chefe chato, desemprego, namoro, separação, namoro de novo, seriados, internet. A ciência diz que nos afastamos muito pouco daquilo que estamos acostumados, nos aventuramos quase nada e nominamos como "novo", apenas algo que já conhecemos e fingimos não saber. Os exemplos acima fazem parte do ciclo de vida da maioria das pessoas. Um ciclo que não permite fazer muitas escolhas audaciosas, ainda mais durante uma crise. Um ciclo que vai minando a sua capacidade de se sentir realmente vivo e criativo na própria vida. Será que temos escolha?


A verdade é como poesia. E a maioria das pessoas odeia poesia pra cacete - ouvido em um bar em Washington
Enquanto adultos, somos cheios de certezas arrogantes que nos pegam pelo rabo, vez ou outra. Mesmo diante de algum fracasso profissional ou sentimental, mantemos nossa postura fixa de um ponto de vista absolutamente correto, onde o comportamento fica entre a vítima dos acontecimentos ou o herói ferido que vai se levantar novamente, um dia, para mostrar que os outros estavam errados. Adultos não erram. Homens não choram, Mulheres correm com Lobos e blá, blá, blá. Se o Ego adolescente se considera imortal, o Ego adulto, só se enxerga como imbatível.

Quando uma criança cai e machuca o joelho, ela reage instintivamente ao choque, chama pela mãe e se expressa com todo sentimento que tem. Ela é honesta. Algo que os adultos não são. Porque somos (id)iotas, muito idiotas.

Na velocidade rápida e passageira das informações que nada informam das Redes Sociais, na morte de um leão por dia para se sustentar e mais alguém, na fuga insana para praia (uma tentativa falha por um breve descanso), no lazer e até no sexo, perdemos algo que só sentimos falta quando brevemente nos lembramos: onde foi parar aquela pessoa que eu queria ser quando crescesse?

Já que estamos sendo honestos, devo te informar que ela se foi. Acho que se perdeu no caminho. Naquele momento em que você decidiu que ser "adulto" é isso. Seja lá o que você entende por "isso". Talvez tenha acontecido durante a escolha da vida profissional: Vou ser advogada ou artista? Publicitário ou médico? Músico ou arquiteto? O que dá mais dinheiro? O que dá mais estabilidade? Talvez porque você realmente não decidiu, decidiram por você.

Ou talvez porque você ainda não sabe e continuou crescendo na dúvida. E, de repente, olhou para o espelho e viu um homem/mulher nos seus 30 e poucos anos que precisa fazer escolhas porque é isso que os adultos fazem. Escolha. Escolha logo. E rápido.


Não é difícil entender que crescemos em uma sociedade que exige e cobra desempenho. Você não vive entre os nômades do deserto da Tunísia ou uma tribo Xavante na Amazônia, onde as regras são outras. Vive em uma cidade grande, dentro de um sistema industrial e de repetição de processos. Porém, a minha e a sua preguiça em reaprender não podem usar isso como desculpa

Aceitar que não existe, de verdade, um Porto Seguro, uma Zona de Conforto que vai se manter pela eternidade é uma das lições mais difíceis para o adulto moderno. Não mudar a forma de pensar, de amar e de sobreviver, é uma involução. É um retrocesso para quem tem mais de 30 e mesmo para quem tem menos do que 100 anos. Precisamos reaprender para aprender. De novo.

Profissionais estão sendo dispensados todos os dias. Alguns, trabalhavam mais de 20 anos na mesma empresa. Outros, mais de 30. Jovens sonhadores, saem ao milhares das faculdades para encontrar um mercado de trabalho falido. Tem advogado vendendo muamba do Paraguai ou da China. Tem arquiteto pintando parede de condomínio. Sentiu a situação?

O momento pede criatividade. E mais que isso, honestidade no que se fala, no que se sente e no que realmente queremos. Se vamos conseguir, isso é outra história. 


Esqueça, por um instante, que você é adulto, ok? Esqueça também os ensinamentos de papai e mamãe que cresceram durante o pós-guerra (1945 em diante) e no inicio do modelo industrial/capitalista do século 20. Respire fundo e faça um esforço de Hércules para esquecer as contas atrasadas. Feche os olhos e faça um simples pedido para si mesmo: 

Ensina- me como se eu fosse uma criança.

Adultos choram. Adultos erram. Adultos podem ser ignorantes, burros, egocêntricos, egoístas, incapazes, gananciosos, petulantes, pomposos e absolutamente medíocres. Se você já é adulto, então sabe disso. Se ainda não se considera adulto, aprenda a reconhecer essa pessoa intragável que habita em você e pode acordar a qualquer momento. Ela precisa ser ensinada como uma criança. Ela precisa ser pacificada. O tempo inteiro, durante toda a vida. 

Crescer é um imperativo biológico. Classificar as fases de crescimento, uma condição pedagógica. Ninguém pode dizer ou prever que tipo de adulto você é ou vai se tornar. Eles também não sabem. Mas não seja ignorante ou arrogante o bastante para não aceitar dicas e conselhos. 


Experimente ter uma boa briga de ponto de vista por semana com você mesmo ou com alguém para sair da Zona de Conforto do adulto-sabe-tudo. Você não sabe tudo o que pensa que sabe. Não discuta, argumente se tiver conteúdo. E se não tiver, aprenda a aprender.

Permita-se ser provocado e sentir-me meio ridículo por acreditar que controla o seu destino porque consegue pagar as contas e citar algumas frases de efeito. Fuja dos livros de autoajuda, das músicas de gosto duvidoso e dos romances açucarados demais. Sempre dá para ficar mais burro ou mais inteligente. A escolha é sua.

Não seja tão condescendente consigo mesmo. Desafie seus gostos, crenças e hábitos. Ter humildade não é ser pobre e ter dinheiro não te faz rico.  Reveja seus valores de tempos em tempos. Reze para seu Deus ou deuses principalmente quando estiver em paz e não somente quando falta a santa paciência com a vida. Relaxe.

Reduza a sua ansiedade sobre o futuro. Segure firme seu leme mas não tente mandar no mar. Busque ler algo que nunca leu, provar uma comida que nunca experimentou, dizer algo inédito e novo para alguém, vestir algo diferente ou fazer tudo isso ao mesmo tempo. Que graça tem em ser único e fazer tudo igual sempre?

E só aceite estes pensamentos, se eles servirem para você porque ninguém tem a solução rápida para o que você considera um problemaço. Eu não tenho.


Pra terminar, meu sobrinho de oito anos veio me mostrar, sorridente, a boca banguela do dente que caiu. Eu lasquei meu dente da frente e fiquei uma semana sem sair de casa. É, adultos podem ser idiotas. Até a próxima!

Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão

Milton Nascimento

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HATERS E A ARTE DO ÓDIO CUSTOMIZADO NAS REDES SOCIAIS


Amor e ódio são os dois mais poderosos afetos da vontade humana. - Padre Antônio Vieira
E chegamos a um ponto na História da Humanidade onde o ódio virou moda e um sentimento aceitável. Não se engane, desde Abel e Caim que o ódio vai muito bem, obrigado. Só que agora, o ódio ganhou seu próprio marketing na forma dos "haters", essa galera que é igualzinha a você...só que odeia. Ou será que é você que é igual a eles e não admite?

Para qualquer escritor, o ódio é um dos sentimentos mais ricos que existem para criação de personagens. É no ódio que aquele caldo quente de emoções negativas como ciúmes, vingança, desprezo e baixa autoestima podem extravasar em horror e fúria. Escritores amam odiar. O ódio dá sentido e motivação. É um veneno e uma bomba. Pode destruir lentamente ou de uma só vez. Perto do ódio, o amor é bobinho, brega e passivo. 

O problema é que, na vida real, o ódio mata de verdade.

APRENDENDO A ODIAR


O homem está sempre mais descontente com os outros quando se acha menos contente consigo próprio. - Henri Amiel
Antes que você comece a se achar bonzinho demais, gostaria de te lembrar que, atualmente, odiar é muito fácil e com múltiplas escolhas. Você pode odiar a política e os políticos, outras raças, fãs de Star Wars, da Marvel ou DC, a lista é infinita. Você pode, inclusive, odiar a si mesmo e culpar os outros. As chamadas "Pessoas do Bem", então...essas amam odiar com argumentos inteligentes, de forma secreta, logo depois da missa de domingo. O ódio "justificado" é um dos meus preferidos porque se garante no pensamento do senso comum e dá um certo status social ao ser comentado: "Ela matou a mãe, é claaaaro que deve ser presa. Onde já se viu? A própria mãe!"

Ninguém acorda odiando ou amando. É um processo, um aprendizado. Começa com uma palavra jogada ao acaso: "Odeio quando demoram pra me atender no restaurante". "Nossa, como eu odeio meu trabalho!". Depois de um momento, a palavra ganha força e vira quase que um adjetivo para o cotidiano. E se banaliza. Nos tornamos grosseiros e rudes, cínicos e sarcásticos mas trocamos por "pessoas de opiniões fortes e convicção". Não, nos tornamos pessoas que odeiam, simples assim.

E então, sem percebermos, o ódio se tornou aceitável, virou um padrão fortalecido pelas Redes Sociais e enfraquecido em seu sentido real, negativo e nefasto. Aliás, quase da mesma forma que fizeram com o Amor, tempos atrás. Amor e ódio se transformaram em "produtos", sentimentos desidratados de consumo. "Gostaria de uma porção de batatas fritas pra acompanhar esse seu ódio?" "Mas é claro, muito obrigado!"

Cara, como eu odeio isso.
  
ODIAI UNS AOS OUTROS COMO A SI MESMO 


O ódio é a tristeza acompanhada da ideia de uma causa exterior. - Baruch Spinoza.
Ninguém odeia o outro ou alguma coisa, sem antes odiar a si mesmo. Em outras palavras, o ódio é um recalque, uma falha na capacidade de observar os próprios sentimentos com distanciamento. Estamos neste momento, não estamos? Entre exageros sobre nossas capacidades e pela falta de melhores oportunidades para realização pessoal...odiamos. Odiamos pela falta de trabalho, amor, sexo, segurança, reciprocidade e até mesmo por não termos nada melhor pra fazer. Odiamos por tédio ou pela falta de tempo. Odiamos as qualidades e aptidões que não desenvolvemos e vemos "esfregarem na cara" dos nossos perfis sociais. Como é dura a vida de quem odeia...

O mais interessante é que odiar ocupa tempo e espaço, fato que as pessoas nem se dão conta. Inclusive, existem até aqueles haters profissionais que pesquisam durante horas para "dar aquela resposta" a um post ou comentário que odiaram. E estamos ensinando as crianças a odiar também. "Eu te odeio" é a frase mais comum que sai de uma criança ou adolescente insatisfeito, fruto de uma mentalidade que não reconhece o verdadeiro peso deste sentimento (mas sofre, confusa e emocionalmente, por ele). 

A psicologia nos ensina que o ser humano sempre escolhe fugir de qualquer sentimento negativo. Negar o negativo é a prioridade. As bolhas sociais (um lugar mais pro negativo do que qualquer coisa) e seus robozinhos espertos sempre vão selecionar o melhor pra você. Mas o melhor pode ser bem monótono e chatinho, porque não provoca. Uma hora, você se cansa de gatinhos e bebês, mensagens com frases de autoajuda e discursos religiosos e parte pro ataque. Publica um post de fofoquinha ou algum comentário político para aguardar, até com alguma ansiedade, que alguém venha falar mal. O ódio precisa e sempre vai precisar de um alvo. Seja você ou todos os outros.

MEU ÓDIO SERÁ TUA HERANÇA


O que as pessoas querem é o ódio, o ódio, nada mais do que o ódio, em nome do amor e da justiça, odeiam. -  David Herbert Lawrence.
Sabe, você pode criar um verdadeiro "bunker" contra o ódio. Pode se esconder dentro de uma religião, frases bonitinhas e clichês de amor e tolerância social mas...o ódio ainda vai estar lá, esperando para ser compreendido em toda sua fúria. Idiotas e imbecis (acredite, existe uma diferença) não questionam seus sentimentos. Eles vão na onda, seguem com um grupo e se sentem protegidos por ele.

Aquilo que chamamos de Inteligência Emocional não comporta apenas os bons sentimentos. Pelo contrário, busca um diálogo com o que há de pior em nós. Amamos por um motivo e também odiamos por um motivo. Como Jung já nos ensinou, tudo que não é compreendido vira complexo. É a famosa dualidade Deus/Diabo, Bem versus Mal, etc. Tá na hora de você odiar com propriedade e sustança. Ou pare de odiar, seu bobão e bobinha.

Talvez você não tenha percebido, mas este artigo não é sobre ódio. É sobre entendimento. É sobre educação. Centenas de coisas ruins podem ter acontecido com um indivíduo para que ele justifique seus complexos na forma de ódio contra qualquer coisa. Mas o que se vê nas Redes Sociais é uma perigosa satisfação de poder que falseia e fantasia um sentimento perigoso e bem real na vida de tantas outras pessoas. O resto é moda, é lugar comum. É infantil, falso e tão desnecessário quanto o bullying. Quem mente que odeia, também mente que ama, já pensou nisso?

Seja qual for a sua escolha, seja verdadeiro. Se existe algum campo comum no Amor ou no Ódio, este lugar é a sinceridade. Até a próxima!
O homem está sempre mais descontente com os outros quando se acha menos contente consigo próprio.

- https://kdfrases.com/usuario/MadalenaDaltro/frase/36214
O homem está sempre mais descontente com os outros quando se acha menos contente consigo próprio.

- https://kdfrases.com/usuario/MadalenaDaltro/frase/36