EM QUE MUNDO VOCÊ VIVE E A UTOPIA DA (DES)IGUALDADE

terça-feira, maio 23, 2017 Marcos Henrique de Oliveira 0 Comments


O filósofo é o homem de amanhã, aquele que recusa o ideal do dia, aquele que cultiva a utopia. - Friedrich Nietzsche

O primeiro aviso que posso dar sobre este artigo, é que o assunto é bem complicado e pede atenção extra. O segundo, é o desconforto possível que ele pode despertar e que eu espero que realmente aconteça com você, após a leitura.

O Principio da Igualdade ou Isonomia é um termo jurídico (veja o link). Em resumo, ele estabelece que  "todos são iguais perante a lei", ou seja, todo e cada ser humano deve ser tratado e julgado da mesma forma, independente de sua origem, condição financeira, cor, credo, etc. É também um dos pilares da Democracia e do projeto democrático para que uma sociedade permaneça civilizada e mantenha sua estrutura e ordem. A igualdade representaria a nossa garantia de tratamento digno, transformador, evolutivo.

A Isonomia seria então, uma ausência do julgamento prévio por preconceitos de classe social, moral ou ético, não havendo distinção (perante a Lei) entre eu, você, o Presidente ou um empresário, etc. Somos todos iguais. Legal, né?

Só que não.

A DESIGUALDADE DOS IGUAIS 


Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar. - Carlos Drummond de Andrade
O Principio da Igualdade, assim como toda boa ideia no começo, ganhou força muito além da esfera política e passou a fazer parte das religiões (com destaque para o Catolicismo e o Budismo), da Educação formal e de várias linhas de pensamento filosófico.

Fomos e somos educados para acreditar que é na igualdade entre os seres humanos que vamos encontrar a paz universal, o entendimento e a harmonia. Não demorou muito tempo para que essa Utopia desmoronasse ao se perceber que, na verdade, tratamos de forma igual apenas aqueles que são "semelhantes" e não exatamente iguais a nós.

Ao ignorar de forma demasiadamente ingênua as diferenças de formação individual, oportunidades de crescimento e estratificação social, a Isonomia matou a si mesma como proposta de um mundo melhor. E ainda gerou o efeito contrário: somos piores do que nos propusemos a ser. Complicou, né?


A ideia do "Deus único", da "sociedade igualitária", do "bem comum" e outras falácias (um raciocínio errado com aparência de verdadeiro) serve muito bem aos discursos de políticos e religiosos mas não se encaixa no mundo em que vivemos agora e em nenhum deles, anteriormente. Benito Mussolini, um dos pais do Fascismo, discursou certa vez que "Não se pode colocar todos no mesmo nível. A igualdade é antinatural e anti-histórica.". Hitler usou um  argumento semelhante para criação do Partido Nazista e já sabemos o que tudo isso gerou.

É preciso deixar bem claro que ambos estavam errados ao distorcer esse principio por motivos de poder e tirania. Mas, do ponto de vista filosófico, estavam muito próximos de uma verdade constrangedora: não somos iguais e precisamos aceitar isso para começar a evoluir novamente.

A IGUALDADE QUE SE COMPRA E VENDE

 
Legisladores ou revolucionários que prometem simultaneamente a igualdade e a liberdade são sonhadores ou charlatães. - Johann Goethe
Você conhece, praticamente de cor, todos os fatores que estabelecem a desigualdade: distinção de classes, preconceito racial, bullying, pobreza extrema, falta de recursos, extremismo religioso, machismo, feminismo, etc. E temos também a Meritocracia que, juntamente com a Isonomia, deveria proporcionar mais justiça social ao promover pessoas que se destacassem pelas suas aptidões e pelo seu esforço no trabalho ou em outras áreas da vida. Em resumo, outra tentativa frustrada de proporcionar igualdade. A gente adora se enganar, né?

E para aumentar a confusão, a propaganda e publicidade, o marketing e as mídias sociais difundem a ideia de que você é único, diferente, só você pode fazer, etc. Você é especial. Você é o cara. Você merece. Você é empoderada. Você é quem faz acontecer. O mundo é seu. Você é a mudança. Então, compre o cartão, roupa, carro, joia, maquiagem, aplicativo que são "feitos para você" porque você, e só você, é "diferente". Caraca, como a gente gosta da igualdade, não é mesmo?

ACABANDO COM A ILUSÃO DA IGUALDADE 


A democracia surgiu quando, devido ao fato de que todos são iguais em certo sentido, acreditou-se que todos fossem absolutamente iguais entre si. - Aristóteles
Mesmo que você seja um ativista dos Direitos Humanos, trabalhe em uma Ong, defenda uma ideologia política ou um praticante disciplinado da sua religião, acredito que os pontos principais desse artigo ficaram bem claros: igualdade e democracia são utopias e ferramentas para o desenvolvimento humano. São "possibilidades" e nada mais que isso. Desculpe te acordar do seu sonho, foi mal.

Lidar com realidades fundamentais como a hierarquia de classes ou os diversos preconceitos existentes, nunca é fácil. Vivemos um momento estranho. Somos estimulados a sermos diferentes e iguais ao mesmo tempo. Mas não é porque vivemos no mesmo período histórico que temos a mesma história. A ideia do "merecer" e de se "igualar" vai muito além de uma base biológica de existência. Igual, semelhante, diferente, estranho, extraordinário, transgênero nenhum destes termos define plenamente a sua individualidade.  

Um dos clichês mais básicos e rasos desse modelo de pensamento é que somos, todos, igualmente diferentes. É o tipo de argumento que acaba com qualquer analise mais profunda, o mesmo que dizer que cada um tem a sua opinião e direito a ela. Nestes termos, Hitler e Mussolini tinham suas próprias opiniões, assim como Buda e Gandhi ou Martin Luther King Jr e a Ku Klux Klan. Essa é uma atitude estúpida e reducionista, para dizer o mínimo.

Este não é um artigo para que você acabe se tornando um pessimista em um mundo condenado pelas desigualdades e luta de classes. Não é um artigo para desistir de valores como paz, amor, fraternidade. Ao abandonar a mentalidade infantil trazida pelos modelos falhos de igualdade e democracia, você pode ganhar uma liberdade totalmente diferente. Qual? A de usar a sua individualidade como uma ferramenta realista para transformação e mudanças que começam em você e não em um grupo ou categoria. 

Existe uma certa arrogância em remar contra a maré e o pensamento comum, sobre dizer "não" para um sistema preestabelecido de normas e regras. Você corre o perigo de se tornar um revoltado, excluído, marginalizado ou, usando um termo complexo, um terrorista. Nicolau Copérnico, Jesus Cristo, Buda, Steve Jobs, Bill Gates, Einstein e outros agentes importantes de mudança (para realizações positivas, que fique bem entendido) são exemplos de que você estaria em boa companhia na sua aventura.

Na utopia do mundo que queremos para nós e as futuras gerações, a pergunta que não cala é: afinal, em que mundo você vive? Vai descobrir e boa sorte! 


A igualdade é a escravatura. É por isso que amo a arte. Aí, pelo menos, tudo é liberdade neste mundo de ficções. - Gustave Flaubert
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