O TEMPO DE TODAS AS COISAS E AS COISAS NO SEU TEMPO
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver. - Dalai Lama
Pois é, mais um "Ano Novo" chegou. Você comeu, bebeu, celebrou conquistas, lamentou perdas, reclamou do ano anterior, foi para praia ou pro mato, refez contas, começou ou terminou relacionamentos e prometeu muita coisa a si mesmo para cumprir nos próximos 365 dias, na esperança de evoluir e se transformar... de novo.
Bom, o nome disso é padrão condicionado e, provavelmente, se estiver vivo, você vai fazer o mesmo no ano que vem. Lamento informar mas o ser humano é um animal de hábitos e hábitos são difíceis de mudar. Ou será que não?
O HÁBITO QUE ME HABITA
Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes. - Carlos Drummond de Andrade
Charles Duhigg, um repórter do New York Times que pesquisou sobre hábitos durante vinte anos e publicou o livro O Poder do Hábito, explica que os hábitos poupam o cérebro de um esforço maior de aprendizado e garantem, para nós, uma recompensa mais rápida naquilo que estamos acostumados. É o famoso, fazer sem pensar.
O interessante é que sempre procuramos justificar nossos hábitos, racionalizando nossas decisões. Algo como "eu mereço comer essa pizza porque passei a semana toda de dieta" ou "eu só trabalho pra pagar contas, então eu preciso comprar algo pra mim também". Duhigg chama isso de "Loop do Hábito":
O Loop do Hábito está presente em todas as relações humanas. O interessante é que o hábito é bem parecido com a disciplina (só que não). A palavra disciplina lembra "discípulo", aquele que segue um Mestre. Na relação Mestre/discípulo, existe uma espécie de contrato entre as partes onde um aceita, conscientemente, receber comandos do outro. No hábito, não. No hábito. agimos sem consciência e de forma repetitiva e até egoísta.
A frase "O hábito faz o Monge" é, na verdade, uma provocação sobre quem controla quem: se é o hábito que te controla ou se você possui a disciplina de um monge para agir conscientemente fora do padrão condicionado no qual se meteu. Eu não sou um monge e você?
QUEBRANDO OS CÓDIGOS NO TEMPO-HÁBITO
A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau. Faça algo todo dia que você não quer fazer; esta é a regra de ouro para adquirir o hábito de fazer suas obrigações sem sofrimento. - Mark Twain
O Tempo de Todas as Coisas é o tempo que não precisa da sua participação. É o Sol que nasce e o rio que corre, independente de você estar vivo ou atuando nele. É um conceito lúdico mas de fácil entendimento: você não controla o Tempo. Você está envelhecendo neste Tempo e nenhuma dieta ou cirurgia vai mudar isso. Você está passando pelo Tempo e ele por você, ponto. Para algumas pessoas, este é um cenário de total desespero e, para outras, de completa consciência. Você é quem precisa decidir qual dessas pessoas é ou irá se tornar. Pense um pouco a respeito.
As coisas no seu Tempo é o Caminho do Monge fora do Hábito. Em um período de 24 horas, atuamos dentro de um tempo condicionado e determinado por fatores externos como sociedade, família, trabalho, etc. Este é o tempo com "T" minúsculo que também representa a maioria das nossas atitudes "de condição".
Isso quer dizer que fazemos o que fazemos porque sentimos que precisamos fazer "alguma coisa" para continuar vivendo dentro da forma que construimos a nossa vida. Isso também é chamado de "mal necessário" (Necessary Evil) pelos americanos ou "É o que temos pra hoje" pelos brasileiros. E alguns hábitos representam um mal necessário para que alguma noção de ordem prevaleça e nos livre do caos da vida. Ou, pelo menos, é assim que pensamos.
TEMOS TODO TEMPO DO MUNDO
Aquilo contra o qual você aponta a sua resistência, consegue permanecer. O que você resiste, persiste. O livre-arbítrio é a capacidade de fazer com alegria aquilo que eu devo fazer. - C. G. JungA força de um hábito está na sua importância, naquilo que ele representa para nós. Um cigarro no intervalo do almoço, a dose de uísque (ou pinga) ao chegar em casa, a dieta "obrigatória" para o Verão, jogar mais aquela fase de um game antes de começar a estudar ou trabalhar.
Os hábitos denunciam nossas necessidades de controle do tempo e do espaço, das nossas emoções diante daquilo que não desejamos enfrentar naquele exato momento porque preferimos a recompensa, é claro. Hábitos são sistemas de fuga. Hábitos são lugares seguros. Hábitos são a manutenção da vida em movimento. Cada hábito, bom ou ruim, nos conta o que estamos fazendo com o nosso tempo, dentro do Tempo.
Um discípulo é, por definição, "um aluno receptivo a ensinamentos". É aquele que aceita aprender e não interfere durante um ato de aprendizado. Certas culturas e religiões acreditam que o Grande Mestre é o Tempo, o Dono de Tudo que Deve ser Conhecido. Aprender com o Tempo não é fácil porque Ele cobra em...tempo. E o Tempo não é um hábito e nem um padrão condicionado. Ele é mais.
Olha um conceito mais difícil de aprender: o Tempo não é o que você faz com Ele. Não são as 24 horas do seu dia e nem a soma de todos os momentos em que seus hábitos se uniram até você ir dormir e acordar novamente para um padrão condicionado. O Tempo também não são as suas preocupações do momento, suas dívidas ou dúvidas de amores ou escolhas sobre mudar de casa, carreira ou cidade. Tudo isso pode ser muito importante mas não, isso não é o Tempo.
O que nos move no Tempo é a intenção programada pelos hábitos. Férias são um ótimo exemplo de desprogramação dos hábitos mas também duram pouco porque nossa tendência é de querer controlar o tempo de férias para preencher cada segundo com tarefas que prometem diversão e felicidade. Em resumo, evitamos o "tempo vazio" porque ele vai parar nossa programação em busca do prazer e da realização pessoal ou coletiva. Para muitos, parar significa morrer, então precisamos seguir sempre em frente.
Dinheiro, sucesso, felicidade, prazer, família, relacionamentos, realização profissional, não importa o que te move, motiva ou até pressiona: pare por um momento. Para os cientistas e algumas religiões, o Tempo não é linear como as horas do dia ou as voltas de um relógio. Ele pode ser "curvado" como um bambu, por assim dizer.
Para os gregos, o Tempo representava uma roda perpétua de repetição dos acontecimentos. Passado, Presente e Futuro acontecendo, simultaneamente, dentro e fora de você. Na tradição africana Yorubá, o Tempo é uma espiral onde sua vida já foi escrita e você precisa realizar o seu Destino interior e ainda desconhecido por você. O Tempo é muito mais do que podemos compreender.
Neste ano (e, com sorte, nos próximos), experimente vivenciar algo diferente e fora do tempo cronológico. Sim, a vida e suas demandas pedem tempo. O Tempo, não. Ele é o Único que passa mas também fica. Ele é o Único que vai e parmanece. Ele é Aquele que te conhece porque já te viu antes, durante e depois. E o máximo que podemos fazer, é tentar enxergá-lo de verdade de vez em quando ou, talvez, pela primeira vez. Vai, que ainda dá Tempo!
Experimente e boa sorte.
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2 comentários:
Adorei a matéria....Nossos hábitos precisam passar por reformas diárias, pois as vezes perdemos a consciência daquele que verdadeiramente devemos manter por ser um hábito "bom" ou romper, quebrar as crenças de que ele ainda nos vale e assim trazer a possibilidade de um novo olhar, de um novo jeito.
Agradecido pelo seu comentário e espero que goste dos demais artigos :) Sorte, saúde e prosperidade em 2017! :)
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