OPINIÃO E A TROCA DO SILÊNCIO PELO DEBATE
Os homens em geral formam suas opiniões guiando-se antes pela vista do que pelo tato, pois todos sabem ver mas poucos sentir. Cada qual vê o que parecemos ser, poucos sentem o que realmente somos. - Maquiavel
Este artigo já vem com a ironia pronta, já que o assunto é sobre opinião e eu estou dando a minha. A ideia de que podemos falar sobre tudo (e todos) sem realmente ter um argumento definido ou uma narrativa pronta, surgiu na criação de um novo modelo de jornalismo, lá na virada do século, nos EUA: o âncora de telejornal.
Até o final dos anos 90, o papel do "Âncora da TV" era de apenas relatar os fatos e não interpretar nenhuma matéria. Com o objetivo de aproximar os telespectadores da notícia e criar uma maior empatia, o âncora passou a fazer comentários "espontâneos" sobre os assuntos e assim foi criado o modelo que temos até hoje.
Esse é, inclusive, o motivo de termos tantos programas sobre violência urbana onde assistimos mais falatório do que a exposição concreta dos fatos. Não demorou muito e essa tendência se espalhou por todas as outras mídias tradicionais e as mídias sociais com o respaldo da liberdade de expressão, da democracia e do direito à palavra, etc. Agora, todo mundo e qualquer um, pode falar o que bem entender, sobre qualquer assunto e nem precisa ser especialista. Legal, né?
Só que não.
TORRE DE BABEL
O público compra opiniões do mesmo modo que compra a carne ou o leite, partindo do princípio de que custa menos fazer isso do que manter uma vaca. É verdade, mas é mais provável que o leite seja aguado. - Samuel Butler
Existem diversos fatores envolvidos para diferenciar uma opinião de valor de um simples "achismo" do momento. Na sua forma mais didática, uma opinião precisa estar acompanhada de um argumento definido que seja justificado por fatos comprovados ou, pelo menos, teorias e ideias que estejam em estudo e sendo desenvolvidas.
Em resumo, opinião precisa ter conteúdo, narrativa e discurso (do verbo discursar, falar sobre).
Em resumo, opinião precisa ter conteúdo, narrativa e discurso (do verbo discursar, falar sobre).
Na prática, a maioria das opiniões tomam como fonte o senso comum que, por sua vez, refletem apenas um sentimento ou estado emocional de uma determinada situação. Quando esse modelo começou, diversos âncoras cometeram erros de informação, ao tratar dos assuntos de forma pessoal e exagerada, desviando o contexto das matérias e até mesmo provocando reações negativas nas pessoas (como raiva, tristeza, etc), além de influenciar a escolha das pessoas. E a coisa piora ainda mais com o atual jornalismo do "copiar, colar" que surgiu com as Redes Sociais e sites. A "pesquisa de campo" foi trocada pela "pesquisa no Google". Rapaiiiz....
Em outras palavras, você está sendo convencido, todos os dias, a ter uma opinião que não é necessariamente a sua ou vem carregada de informações duvidosas. E quanto mais opinião sem argumento, maior é o debate sem valor informativo relevante para o seu conhecimento.
COMEÇAR DE NOVO
As opiniões não são verdades, pois não resistem ao diálogo crítico. - Sócrates
A vida fica muito mais fácil quando não precisamos defender nossas opiniões porque elas representam o pensamento de uma maioria. Mais fácil e mais ignorante também. Pensar por si mesmo dá um trabalho danado. O pensamento autêntico pode vir carregado de uma boa parte de solidão. Uma opinião precisa vir do pensamento que, por sua vez, precisa escolher entre várias informações (que podem ser ou não, válidas) para gerar uma resposta satisfatória (para pessoa ou pessoas). Ou seja, opinar é muito mais do que apenas abrir a boca e sair falando.
Fatores como a falta de acesso à educação, do pensamento lúdico e cultura de valor também pesam muito na hora de formular uma opinião. Quanto menor o conteúdo e repertório, mais frágil será a sua opinião em termos de argumento e defesa do seu ponto de vista, sacou?
Se a pessoa não sabe como ou o quê pensar, não importa o quanto a informação é correta porque ela não vai ser entendida de forma alguma. E sem educação e cultura, torna-se praticamente impossível para qualquer indivíduo compartilhar algo que não seja mais que um "achismo" ou emocionalismo, disfarçado de opinião. E ainda chamamos o séc. XXI de "A Era da Informação". Tá de brincadeira, né?
Fatores como a falta de acesso à educação, do pensamento lúdico e cultura de valor também pesam muito na hora de formular uma opinião. Quanto menor o conteúdo e repertório, mais frágil será a sua opinião em termos de argumento e defesa do seu ponto de vista, sacou?
Se a pessoa não sabe como ou o quê pensar, não importa o quanto a informação é correta porque ela não vai ser entendida de forma alguma. E sem educação e cultura, torna-se praticamente impossível para qualquer indivíduo compartilhar algo que não seja mais que um "achismo" ou emocionalismo, disfarçado de opinião. E ainda chamamos o séc. XXI de "A Era da Informação". Tá de brincadeira, né?
TROCANDO O DEBATE PELO SILÊNCIO
Opiniões defendidas apaixonadamente são aquelas para as quais não há boas justificativas. - Bertrand Russell
Uma verdade triste da sociedade contemporânea é que adoramos debater, discutir e quebrar o pau sobre tudo. Curtimos demais uma boa discussão sobre os problemas sérios e os assuntos mais banais. Nos tornamos "âncoras" da realidade subjetiva. Afinal, durante os últimos 16 anos, fomos "educados" para dar nossa opinião e ventilar nossas raivas e ansiedades nas Redes Sociais, no ponto de ônibus, em qualquer lugar. E, na cabeça de quem opina, existe uma verdade fundamental e concreta que não aceita réplica. E chovem posts na sua timeline sobre uma opinião que ninguém estava pedindo. E, é claro, mais debates inúteis e desgastantes.
Neste cenário, qualquer profissional com uns 30 anos de carreira na sua área de atuação, possui o mesmo grau de credibilidade do que alguém que espalha um boato sobre um vírus novo no Facebook ou no Twitter. Porque é isso que a opinião sem base é: boataria e achismo. É o tipo de contrainformação perigosa, maléfica e, principalmente, manipuladora.
E você faz parte desse processo manipulador que gera mais ignorância do que informação ao alimentar o discurso vazio sobre o assunto inútil, toda vez que compartilha algo que nem sabe se acredita ou apenas porque "vai na onda" do que todo mundo anda comentando nas Redes Sociais. E dá-lhe oversharing (excesso de compartilhamento) lotando a sua timeline.
DESLIGUE A OPINIÃO, LIGUE A REFLEXÃO
Tá certo, vivemos em uma sociedade que deseja falar sobre tudo, repetidas vezes. A necessidade do discurso faz parte dessa ansiedade contemporânea, do isolamento voluntário que compartilhamos juntos ao preferir o teclado ao encontro, faz parte da necessidade por uma liberdade que foi podada pela violência, pela censura, pela crise e tudo mais. E também revela uma grande solidão em comunidade porque uma opinião sempre está procurando alguém para concordar ou discordar. Toda opinião é um pedido de encontro com o outro, quase um S.O.S.
Resta saber se estamos realmente nos comunicando quando resolvemos falar sobre qualquer assunto ou apenas ocupando um espaço que não queremos deixar vazio. Em 2012, o site Internet Archive contabilizou o tamanho da Internet em 10 PetaBytes, o equivalente a dez milhões de GB. É muita informação para pouco tempo (de vida!) e menos ainda para ter "aquela velha opinião formada sobre tudo", né?
Gosto da expressão que diz "silêncio também é música", ou seja, aquela pausa necessária que leva para o momento seguinte. Talvez (e apenas talvez) seja legal pensar e refletir antes de sair por aí postando ou twittando qualquer coisa, entrando em fóruns só para discutir e trollar ou ficar mandando milhões de fotos de gatinhos e vídeos de humor no Facebook. Ler um livro pode ser bem melhor, que tal?
Na minha opinião, toda opinião deve ser falada mas nem todas precisam ser ouvidas ou comentadas. E você, o que acha? Pense a respeito e até a próxima!
E você faz parte desse processo manipulador que gera mais ignorância do que informação ao alimentar o discurso vazio sobre o assunto inútil, toda vez que compartilha algo que nem sabe se acredita ou apenas porque "vai na onda" do que todo mundo anda comentando nas Redes Sociais. E dá-lhe oversharing (excesso de compartilhamento) lotando a sua timeline.
DESLIGUE A OPINIÃO, LIGUE A REFLEXÃO
Tá certo, vivemos em uma sociedade que deseja falar sobre tudo, repetidas vezes. A necessidade do discurso faz parte dessa ansiedade contemporânea, do isolamento voluntário que compartilhamos juntos ao preferir o teclado ao encontro, faz parte da necessidade por uma liberdade que foi podada pela violência, pela censura, pela crise e tudo mais. E também revela uma grande solidão em comunidade porque uma opinião sempre está procurando alguém para concordar ou discordar. Toda opinião é um pedido de encontro com o outro, quase um S.O.S.
Resta saber se estamos realmente nos comunicando quando resolvemos falar sobre qualquer assunto ou apenas ocupando um espaço que não queremos deixar vazio. Em 2012, o site Internet Archive contabilizou o tamanho da Internet em 10 PetaBytes, o equivalente a dez milhões de GB. É muita informação para pouco tempo (de vida!) e menos ainda para ter "aquela velha opinião formada sobre tudo", né?
Gosto da expressão que diz "silêncio também é música", ou seja, aquela pausa necessária que leva para o momento seguinte. Talvez (e apenas talvez) seja legal pensar e refletir antes de sair por aí postando ou twittando qualquer coisa, entrando em fóruns só para discutir e trollar ou ficar mandando milhões de fotos de gatinhos e vídeos de humor no Facebook. Ler um livro pode ser bem melhor, que tal?
Na minha opinião, toda opinião deve ser falada mas nem todas precisam ser ouvidas ou comentadas. E você, o que acha? Pense a respeito e até a próxima!
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