POLITICAMENTE CORRETOS E A PIADA QUE NUNCA SERÁ CONTADA
Mais do que em qualquer outra época, a humanidade está numa encruzilhada. Um caminho leva ao desespero absoluto. O outro, à total extinção. Vamos rezar para que tenhamos a sabedoria de saber escolher. - Woody Allen
O Mundo ficou chato, essa é a verdade. Outro dia, assisti a mais recente entrevista de um dos meus ídolos, Jerry Lewis, que do alto dos seus 89 anos, ainda me faz rir como um garoto e se apresenta três vezes por semana nos EUA (assista aqui, em inglês). Quando foi que perdemos a leveza do humor besta (e inteligente) para cair no humor escrachado e preguiçoso de palavrões e piadas de duplo sentido? Onde foi que erramos e como podemos consertar, antes da extinção ou desespero absoluto como Woody Allen descreveu tão bem (com seu humor negro/judáico peculiar)?
O humor é uma Arte que, como tal, precisa de preparo e refinamento. Existe a piada universal e a piada feita para o seu intelecto, aquela que vai te fazer rir descontroladamente por vários minutos. Atingir a dinâmica do humor não é fácil, seja na escrita ou em um stand-up. Uma palavra (ou palavrão) dito no tom certo ou encaixado para criar o efeito correto em um texto, isso é Arte. Arte que faz rir pela surpresa, pela "gag" ou pelo absurdo. Assim foi com Buster Keaton, Charles Chaplin, Monty Phyton, Mel Brooks, Chico Anysio, um Jô Soares de 30 anos atrás ou até mesmo Os Trapalhões em começo de carreira.
Fazer humor, fazer rir, era bem mais divertido.
E então, em algum momento no final dos anos 90, surgiu o termo "politicamente correto" a piada mortal dos censores de plantão. A tesoura foi parar na sociedade. E aqui estamos.
A expressão “politicamente correto” se firmou na língua inglesa como parte de uma ofensiva da direita estadunidense nas chamadas guerras culturais dos anos 1980 e 1990. Embora haja ocorrências da expressão em textos da New Left (a Nova Esquerda), foi naquelas batalhas que o termo passou a funcionar como designação de um suposto autoritarismo policialesco da esquerda no uso da linguagem. A esfera do politicamente correto abrangeria classe, raça, gênero, orientação sexual, nacionalidade, descapacitação e outros marcadores de subalternidade. Mas, sem dúvida, o exemplo paradigmático sempre foi racial. (...) De lá para cá, a expressão “politicamente correto” virou moeda corrente no Brasil. Com frequência, a mera menção de algum episódio que envolva racismo, homofobia, sexismo ou xenofobia é desqualificada com referência ao termo, que estaria nos impedindo de sermos nós mesmos. - revistaforum
De repente, nos tornamos mais sensíveis (mentira), mais humanos (mentira) e interessados no bem do próximo (mentira). Tom e Jerry virou um desenho sobre um gato que pratica bullying em um rato (e vice-versa), Monteiro Lobato virou um racista e as piadas sobre qualquer deficiência foram banidas (mas ver alguém caindo da escada na pegadinha, todo domingo, isso pode). Por quê nos tornamos hipócritas do sorriso amarelo tão rápido?
Para toda ação, existe uma reação. Neste caso, o "bom humor" foi trocado pelo mal humor, aquele das piadas grosseiras e forçadas que "brincam" com temas polêmicos na boca dos novos humoristas que desejam o seu "curtiu" desesperadamente. São tantos os exemplos de como o "tiro saiu pela culatra" que nem vale a pena citar. O mundo ficou chato e, consequentemente, nós também.
Toda vez que uma sociedade é reprimida ou liberada demais, ocorre uma "inversão" na década seguinte (compare os anos 40 e 50 com os anos 60 e 70, por exemplo). É um tipo de reajuste histórico e comportamental, do qual nem mesmo o humor conseguiu escapar.
Em outras palavras, programas como "Jackass" (200-2002) e "Chaves" (1971-1980), podem servir como parâmetros sobre o que fazia uma geração rir e a outra não. Servem também para medir o grau de stress dessa mesma sociedade e as formas de "fugir" dos problemas mais sérios do cotidiano.
Porém, com a adição do "politicamente correto", essa fórmula ficou confusa e o escapismo, mais difícil. Existe uma piada por aí que faria você rir muito mas, agora, ela nunca será contada para você. E sem perceber, você pode acabar percebendo que até o seu riso está sendo monitorado e existe um drone pairando sobre o seu humor. E sobre a sua liberdade de pensamento.
E, lembrando, do quê a gente pode rir mesmo?
O artigo anterior falou sobre a feliz cidade e o bom humor que faz a gente segurar as pontas como pode. O humor não serve apenas para rir e relaxar. Pode fazer a gente pensar também. Humor é um componente importante para autoestima e os excessos de orgulho pessoal e arrogância social nos tempos modernos (sacou a referência?)
Ao se perguntar "Por quê ri tanto disso", podemos encontrar raízes profundas que nos levam de volta à infância mas leve e descompromissada ou mesmo encontrar pontos discordantes entre o que pensamos e como realmente agimos em sociedade.
Mas o humor não nasceu para ser "político" ou "correto". O humor nasceu para você rir dele e com ele. Por quê tão sério? Vai atrás do seu! E até a próxima!
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