A VIDA DE PI - SIMBOLISMO E TÉCNICA VISUAL NA TELONA.
A Vida de Pi (que, no Brasil, resolveram chamar de As Aventuras de PI) é um filme tão arrebatador que fez até uma antiga colaboradora voltar a escrever. Curtam (pra variar) o artigo da Maryjane Oliveira e lembrem-se: espaço aberto para quem quiser participar. Uma ótima leitura e até breve.
Um garoto com um nome de uma
famosa piscina francesa, apelidado matematicamente de Pi, que vive com sua família
num zoológico indiano narra seu um drama religioso precoce e cheio de
aventuras.
Certamente, esse prelúdio curioso
não diz muito sobre a obra adaptada de Yan Martel, uma parábola filosófica
instigante e riquíssima em inúmeros aspectos. Nas telas de Ang Lee, a produção
ganhadora de quatro categorias do Prêmio Oscar 2013, incluindo de Melhor
diretor, trilha sonora, fotografia e efeitos visuais se mostra uma combinação
encantadora de uma bela e boa história com imagens surpreendentes, técnica
fotográfica, arte visual sem excessos e o talento de um diretor excepcional pode fazer nas telonas
do cinema.
Sem dúvida, isso não seria possível sem a expertise deste diretor para adaptar histórias de gêneros bem peculiares a exemplo de O segredo deBrokeback Mountain (2005). A narração, conduzida por Pi adulto, é um dos pontos característicos da produção e da direção de Lee, na função de orientar o espectador-leitor e não dispersá-lo em meio a densidade dos conflitos da parábola.
Sem dúvida, isso não seria possível sem a expertise deste diretor para adaptar histórias de gêneros bem peculiares a exemplo de O segredo deBrokeback Mountain (2005). A narração, conduzida por Pi adulto, é um dos pontos característicos da produção e da direção de Lee, na função de orientar o espectador-leitor e não dispersá-lo em meio a densidade dos conflitos da parábola.
Lee preserva, desta maneira, o caráter livresco da obra, de leitura propriamente. Por sua vez, esse é um recurso utilizado pelo talentoso diretor na tentativa de nortear o drama religioso do precoce Piscine Molitor no seio familiar e nos cuidadosos primeiros 30 minutos de filme, conhecemos sua crise existencial, sua sobrevivência ao bullying escolar, a perda do amor juvenil e da família numa viagem que cruzaria os continentes, até levá-los ao Canadá.
É a partir do naufrágio que a história ganha outra dinâmica. Uma dinâmica impressionante, cheia de adrenalina, muitos perigos e novas lições. Porém, é em meio à tentativa de sobrevivência num bote que os levariam a alguma terra próxima, que os personagens reais dessa parábola visual e mágica se enfrentam e iniciam uma saga marítima impressionante, cheia de simbolismo, implícito aí o sentido da existência divina, forças da natureza, ciência, filosofia e aventura, o que no entanto, não a torna menos excitante, bela, excêntrica, instintiva e real.
A luta comum pela sobrevivência do garoto Piscine com uma zebra, um macaco e um tigre com nome humano, Richard Parker, é um drama pela vida, repleto de situações e conflitos de dominação e poder. Ang Lee, desta forma, confere a trama um ritmo muito confortável, reflexivo e ao mesmo tempo emotivo, que surpreende pelo poder cinematográfico de uma direção criativa, com ataques de peixes voadores, ilhas carnívoras, animais domesticados em alto mar, de ondas gigantescas e maremotos de um tanque artificial de Taiwan repleto de heroísmo, coragem e superações de alma, corpo e espírito.
Filmado em 3D, o filme tem como
pontos fortes a sua bela fotografia e a arte visual, aliada a uma experiência
psicológica de muito impacto, força e inspiração. Sem excessos de computação
gráfica, a produção encontra o equilíbrio perfeito entre linguagens opostas, a
do homem e a do animal, a da imaginação e a do real, o falso e o verdadeiro.
Quem assistir As Aventuras de Pi
não vai ver nada de matemática, mesmo que ironicamente Pi (3,14) seja um número
irracional nesta ciência. Nem vai se impressionar muito se não estiver
esperando realmente ler (assistir) uma daquelas histórias míticas, poderosas e
primordiais, onde tigres selvagens podem revelar uma lenda pessoal. Uma
história em que animais são mais do que carne, osso e instinto, mais que isso,
nos falam de poder e transformação. Nas aventuras de Pi, o mar é a sua grande
piscina, é o ambiente propício para o encontro dele mesmo. E lá estamos também,
como Pi, em nossa piscina simbólica, mágica e misteriosa.
2 comentários:
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Quero parabenizar o AGE pelo espaço. Parabéns, Marcos, ficou ótima sua edição.
a mensagem do internauta é para mim? ou para o AGE?
beijo a todos!
Maryjane Oliveira
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