VIZINHOS - A CONVIVÊNCIA EM UM MUNDO APERTADO.

terça-feira, setembro 11, 2012 Marcos Henrique de Oliveira 0 Comments


A palavra "vizinho" vem do latim vicinu, que significa "próximo, que mora perto, vicinal, da aldeia". Bom, ainda existem aldeias ou "interior" como gostamos de chamar as pequenas cidades que ficam longe do caos das grandes metrópoles, mas o sentido de vizinho mudou bastante.

Com uma população mundial de 7 bilhões de habitantes, seguir aquele mandamento "Amai o próximo (vizinho) como a si mesmo" tornou-se mais um exercício de tolerância do que um ato espontâneo. Por que será?

A resposta, segundo os especialistas, está na nossa interatividade, uma palavra que é mais usada na tecnologia do que nas relações humanas (veja o link). Interatividade é a troca de algum conteúdo que estabeleça a comunicação entre as partes, sejam elas pessoas ou máquinas.  


Um exemplo: falar "bom dia" para o vizinho antes de ir para o trabalho, não é interatividade porque não estabelece nenhum conteúdo de troca real de informação. É apenas gesto de diplomacia. Tá bom. E por que isso é importante?

Com o crescimento das redes sociais, somado aos novos modelos de conduta (como o politicamente correto e a nova onda de sustentabilidade), nos deparamos com o paradoxo da relação com o outro.


Independente do seu grau de interatividade, você está sendo instruído, por assim dizer, a prestar atenção no próximo, no lixo que ele produz e recicla (ou não), onde ele trabalha (Linkedin), onde ele vai ou está (Foursquare) e com quem ele se relaciona (Facebook, Orkut, etc).

O problema, talvez, é que tudo isso está acontecendo apenas no mundo virtual. E estes conteúdos, não mostram quem é o indivíduo, apenas como ele se comporta, entendeu?  

Você pode achar que isso é assunto para os geeks e nerds da ciência comportamental e, quer saber, dane-se o seu vizinho. Mais ou menos. Estudos recentes demonstram que o grau de afetividade nas grandes cidades tem dado lugar a um sistema de vigilância como na ilustração acima.


Violência, stress e a queda da qualidade de vida são alguns dos fatores apontados para justificar que você está mais interessado naquele amigo virtual do que o 'estranho' que mora ao lado porque o 'virtual' representa uma relação sem risco.

Com isso, pedidos de socorro no meio da noite estão sendo ignorados e o senso de 'comunidade' (comum a todos) está sendo trocado por "cada um em seu quadrado". O que parece, é que ninguém deseja mais se aventurar na proteção desta 'unidade' e 'lugar comum'. Em resumo: estamos cada vez mais conectados e menos próximos. 

Um momento. Não precisa sair correndo para chamar o vizinho para um churrasco. A proposta deste artigo é demonstrar que as relações de vínculo, as relações humanas estão mudando e, não se sabe ainda, o quanto isso é bom ou ruim para nova sociedade que está em formação. É um período de mudança e adaptação, não só de espaço, mas também de valores afetivos e de aprendizado.
 
Abaixo, você encontra uma lista de filmes com o tema 'vizinhos' para refletir sobre esta relação 'parede a parede'. Afinal, não podemos dar um 'unfollow' em quem mora ao lado. Ou podemos?

Gran Torino (2008), estrelado e dirigido por Clint Eastwood: vizinhos, diferenças culturais e a intolerância em discussão. Imperdível.

A Guerra dos Vizinhos (2009): vizinhos como parentes, quase uma família.

Sentimento de Culpa (2010): vizinhos como responsabilidade social.
O Suspeito da Rua Arlington (1999): vizinhos como terroristas.

Fontes:
Afetividade
Comunidade
Interatividade


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