NEOFILIA - A DOENÇA DOS COLECIONADORES DA NOVIDADE.
Pois é. Se você anda por aí nos últimos, digamos, 16 anos, já deve ter percebido que a sociedade em que vivemos resolveu botar o pé no acelerador. Na tentativa de alcançar o futuro antes que ele chegue (e isso representa um paradoxo), depositamos uma necessidade de urgência na rotina diária que se apresenta como uma busca desenfreada pelo novo. E qual é a novidade?
Nenhuma. Não existe mais. Quer dizer, pelo menos não na forma que desejamos. Na sociedade moderna, o desejo é alimentado por dois fatores principais: status e propaganda. A propaganda cria a necessidade de consumo, alimenta dentro de você a troca de valores, fazendo do supérfluo, prioridade. Como em uma sociedade capitalista, o que você têm representa o que você é, o status (quo) fica garantido a cada nova compra. E isso não vale apenas para objetos físicos, palpáveis. O conhecimento (não o saber) é a moeda de troca de maior valor atualmente no mercado profissional. Nunca o conhecimento teve tanto poder. E qual é a novidade?
A novidade é que começamos a ficar "doentes". Mas não qualquer doença velha, antigona. Só vale doença "nova" e "moderna" como ser bipolar e o tema deste artigo, ser um neofilico. A Neofilia é como uma nova Gripe Espanhola que se alastrou rapidamente, contaminando milhares de pessoas pelo mundo. Ela não mata (talvez), mas deixa você cansado, irritado e impotente diante das inúmeras possibilidades de conhecimento que se apresentam, todos os dias, diante da Tv, das redes sociais e da comunicação em massa. E qual é a novidade?
A novidade é que começamos a ficar "doentes". Mas não qualquer doença velha, antigona. Só vale doença "nova" e "moderna" como ser bipolar e o tema deste artigo, ser um neofilico. A Neofilia é como uma nova Gripe Espanhola que se alastrou rapidamente, contaminando milhares de pessoas pelo mundo. Ela não mata (talvez), mas deixa você cansado, irritado e impotente diante das inúmeras possibilidades de conhecimento que se apresentam, todos os dias, diante da Tv, das redes sociais e da comunicação em massa. E qual é a novidade?
A novidade é que você não está aprendendo, simplesmente porque conhecer não é saber. Saber (e sabedoria) é coisa de velho. E ninguém quer ser velho, não mais. Virou até insulto. Agora é Terceira Idade. Dessa forma, assistimos vovôs e vovós dançando na frente do computador e jogando Wii. Nenhum deles está interessado em ler (pela primeira vez, quem sabe) uma obra como As Mil e uma Noites, de Antoin Galland com 1088 páginas. Você está?
Para não cometer uma injustiça e ser fatalista, prevendo um mundo de conhecimento oco e superficial, eu continuo acreditando na Geração Y. Como toda doença é apenas a sombra da cura, é dos "nerds" que deve vir a solução. Não falo dos "geeks", mas dos nerds mesmo.
Para não cometer uma injustiça e ser fatalista, prevendo um mundo de conhecimento oco e superficial, eu continuo acreditando na Geração Y. Como toda doença é apenas a sombra da cura, é dos "nerds" que deve vir a solução. Não falo dos "geeks", mas dos nerds mesmo.
Geeks já estão contaminados pela neofilia. Os nerds não. A novidade (seja de tecnologia ou qualquer outra) é apenas uma maneira diferente de curtir o que gostam. E parece que este é o segredo: ao reconhecer o desejo de possuir, parar um pouco para sentir a real necessidade daquilo dentro de você e no seu espaço interior (que já deve estar bem cheio).
Portanto, não caia na propaganda de que "O futuro é agora" e outras besteiras. Cultivar o "vazio" pode ser uma boa. É lá onde as coisas crescem, porque tem espaço para respirar.
Abaixo, na ótima musica dos Paralamas (em um vídeo propositalmente velho), eu deixo aquele paradoxo do qual falei lá em cima: poeta ou faminto? Quem é você? Só o seu futuro vai dizer. Abraços!
Links:
Statu quo
Gripe Espanhola
Geek
Nerd
Curta a fan page do A GENTE ESCREVE no Facebook!
2 comentários:
pow, marcão. que bela visão dos fatos. feliz em saber que alguém ainda escreve sobre questões tão sumariamente detonantes da sociedade das humanas.
poeta ou faminto?
hoje vemos poetas de semáforo e famintos por se aparecer.
grande abraço
Pois é, Maurão. Poetas, famintos e sedentos. O que precisamos é descobrir de qual fonte beber. Sorte!
Postar um comentário