JESUS INC. - A PUBLICIDADE QUE PEGOU JESUS PRA CRISTO.
Papa novo, Papa-móvel e a modernidade vai acabando com os símbolos e signos que, algum dia, representaram alguma coisa.
Ano retrasado, ganhei um ovo de Páscoa que vem com uma caneca do Shrek. A Páscoa (do hebraico Pessach, significando passagem) é o mais importante evento do calendário judaico-cristão. Afinal, é a Ressurreição de Cristo e a data em que os judeus comemoram a libertação e fuga de seu povo escravizado no Egito. Mas eu ganhei uma caneca do Sherek.
Comecei a pensar nas diversas formas de como podemos publicar e propagar uma imagem duradoura nestes tempos onde meio e mensagem correm rápido demais. O “Filho do Todo Poderoso” é um ótimo exemplo disso porque representa um ícone que conseguiu se desagregar da sua "agência oficial", a Igreja, e criar seu marketing pessoal. E não me diga que fica ofendido com isso porque todos ajudaram a criá-lo.
Será que alguém lembra daquela imagem gerada por computador da minissérie Jesus – O Filho de Deus (Jesus: Son of God, Inglaterra, 2001), produzida pela rede inglesa BBC que garantiu uma boa discussão na época? É provável que não. Olha aqui:
Para entender porque você pode ter uma certa dificuldade para aceitar esse Cristo (e não outros Cristos mais fashion e bonitões) está em um termo de origem alemã chamado Kitsch que todo criativo deveria conhecer ou ter estudado.
Para entender porque você pode ter uma certa dificuldade para aceitar esse Cristo (e não outros Cristos mais fashion e bonitões) está em um termo de origem alemã chamado Kitsch que todo criativo deveria conhecer ou ter estudado.
Em resumo, o Kitsch pega algo original e de conteúdo único e o transforma em objeto de consumo por meio de infindáveis cópias que são vendidas a preço de banana (ou não). É a Monalisa no calendário e o Pinguim na geladeira. É o Cristo Redentor em cima da estante e a foto autografada do seu artista preferido.
O Jesus que você conhece, na verdade não é conhecido. Agora, a imagem publicada e propagada do Cristo você está cansado de ver na Sessão da Tarde em todo feriado de Páscoa: cabelo hippie, olhos azuis e uma barba perfeitamente malfeita. Jesus é conteúdo. Cristo é forma.
Santa heresia, Batman! Não mesmo. Cristo é um dos melhores exemplos de Buzz Marketing para estudar o desenvolvimento de uma ideia/conceito/produto. Cristo já era viral em uma época onde as novidades chegavam somente a cavalo ou no lombo de jegue. E nem precisou do twitter para conquistar milhares de followers. É o sonho de qualquer marqueteiro: ter um "produto" que é "morto" todo fim de semana mas que ressuscita logo depois porque é "imortal" na cabeça de milhões de consumidores. Jesus tem sua publicidade salva e garantida em discursos acalorados, anúncios provocadores e mídia espontânea. Aleluia!
Se o Papa é Pop, Cristo é Superstar. Cristo é Brahma, Coca-Cola e Balas Juquinha. Um produto sem origem definida (ninguém quer mais saber da fórmula da coke) com uma campanha enooorme de marketing por trás (a Bíblia é o maior broadside já criado para uma campanha). Nem o Olivetto faria melhor. Claro, afinal não dá pra competir com o “Criador”, né?
Jesus não é mais dos católicos, crentes ou qualquer outro segmento religioso. Jesus é um componente mítico que faz parte do marketing de conquista, do marketing de guerra (religiosa), da programação neurolinguística da cultura pop de consumo. Engula essa, Judas (porque, pra ser sincero, o Capeta está em segundo lugar como outro grande exemplo de markerting de produto).
Um detalhe: levou um bom tempo para mídia conseguir fixar esse "Cristo Pop". Os primeiros filmes de Jesus, por exemplo, só mostravam o Filho de Deus de costas e nas sombras. Biologicamente falando, seria impossível um Cristo de olhos azuis e branquelo sob o sol do deserto. Mas a fé (e um bom Atendimento, de preferência com 12 apóstolos que saibam escrever) realiza milagres, não é mesmo?
Portanto, lembre-se: ao ter que encarar o seu próximo briefing onde o produto é um Dolly (urgh!) da vida, siga as escrituras do Kitsch e da Semiótica e pergunte a si mesmo: “O que Cristo faria?”
Uma ótima Páscoa para todos os leitores do AGE!
Jesus of Nazareth (1977) com Robert Powell
Jesus 2000 de Remi Bastie - pop descarado
The Greatest Action Story Ever Told - Humor negro para poucos: Será que o Exterminador do Futuro consegue salvar Jesus da Crucificação?
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Fontes:
1 comentários:
amém.
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