DETERMINISMO E DETERMINAÇÃO NA COLCHA DE RETALHOS

segunda-feira, abril 17, 2017 Marcos Henrique de Oliveira 2 Comments


Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que eu escolhi me tornar. - Carl Jung
De tempos em tempos, a Vida acontece. Não essa vida que você leva no dia a dia, na barriga, nas coxas ou até mesmo com uma seriedade brutal, permeada por momentos de humor e alegria. Estou falando da Vida com "V" maiúsculo, aquela que te põe em cheque. Pode ser um evento que se inicia de forma banal como uma visita ao médico, um briga de trânsito ou uma nova amizade que começou em uma festa que você nem queria ir. 

A Vida acontece. E quando Ela acontece, é melhor você prestar atenção.

Prestar atenção parece um problema na sociedade atual. Ajustar o foco virou um desafio diante das milhares de distrações, preocupações e responsabilidades que assumimos (ou não) no cotidiano. Crises externas (na economia, no país, no mundo) e crises internas (nos relacionamentos, no trabalho, na família, saúde, etc) testam nossas capacidades de equilíbrio e resiliência. Ninguém deseja "abraçar" o Caos para restabelecer a Ordem. Principalmente quando isso significa abrir mão daquilo que consideramos importante ou essencial, mesmo que na verdade não seja. 

O QUE SEMPRE FOI, NEM SEMPRE SERÁ


A perda da capacidade de mudar ou se adaptar diante de um problema, me parece, é uma arte que se matou ou foi morta pela Modernidade. Não somos mais "caçadores" e não usamos mais palavras antigas como "destemido" (sem temor) para nossas ações. Pelo contrário, forjamos uma identidade, social e pessoal, sobre aquilo que possuímos e vivemos em constante medo do que pode ser retirado ou arrancado à força de nós. O terror(ismo) não começa do lado de fora. Ele começa dentro de nós, nos corações e mentes daqueles que temem pela perda do seu próprio universo. O berço do terror é o medo.

 A Vida acontece. E quando Ela acontece, é melhor você prestar atenção.


A tabela acima faz parte da sua vida mas, provavelmente, você nunca pensou nela ou nem sabia da sua existência. De forma bem resumida, para o Determinismo, as coisas são o que são e pronto. Se você nasceu na pobreza, vai morrer na pobreza, se aprendeu de uma forma não vai aprender de outra e por aí vai.

O Determinismo não se sustenta mais nas várias afirmações que faz mas ainda é um modo de pensamento muito presente na vida das pessoas e, principalmente, nos momentos de crise existencial. A pessoa simplesmente acredita que nada vai mudar e, como resultado, também não muda ou busca a própria transformação.

FATALISMO E OS GURUS DA NOVA ERA


O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica. - Norman Vincent Peale, escritor
Um problema comum durante períodos de caos generalizado, é o fatalismo. O fatalismo e o determinismo são meio que parentes que criticam apenas o momento atual de um indivíduo, apontando o dedo para os erros cometidos. Eles apagam o histórico da pessoa e suas tentativas frustradas de acerto.  O determinismo impede a mudança e o fatalismo "mata" a transformação. E não precisa procurar algozes do lado de fora: na grande maioria das vezes, é a própria pessoa que faz isso consigo mesma. E, é nesse momento que aparecem os "gurus", os Abutres da Boa Vontade.

Momentos de crise são ótimos para vender livros de autoajuda, palestras motivacionais, coaching dos mais diversos e lotar igrejas. Entender uma crise como oportunidade, como fazem os japoneses, é muito difícil para os brasileiros porque parece que sempre estivemos na crise. Somos passionais demais como povo latino e adoramos um drama, novela é com a gente mesmo. Mas é preciso ficar esperto com esse clima de desmotivação que nos circula atualmente e afasta todos nós da determinação. Ser mais criterioso na hora de escolher o que se lê, ouve e é publicado em jornais, etc é uma boa dica para fugir do achismo e do pensamento comum e da colcha de retalhos da má informação.

Determinação é uma palavra interessante. Apesar de soar semelhante ao determinismo, possui significados totalmente diferentes. A determinação é um impulso que nasce da disciplina pessoal e não de fatores totalmente externos. A determinação não precisa ser explicada racionalmente como o determinismo. Ela depende apenas da sua capacidade de acreditar no seu próprio potencial e na exploração interna de capacidades mal aproveitadas ou pouco desenvolvidas.

E como fazer isso?

A TEIA DA VIDA E A COLCHA DE RETALHOS 
 

O início de um hábito é como um fio invisível, mas a cada vez que o repetimos o ato reforça o fio, acrescenta-lhe outro filamento, até que se torna um enorme cabo, e nos prende de forma irremediável, no pensamento e ação. - Orison Swett Marden, médico e escritor
O ponto de vista que vou compartilhar com você sobre determinação, é muito pessoal eo representa, em absoluto, uma receita para o sucesso ou coisas assim. O simbolismo da colcha de retalhos é muito importante para entender isso porque existe uma grande diferença entre permitir que a vida se torne um série de eventos aleatórios que estão acontecendo com você (e não por sua causa) e o planejamento construtivo para atingir um objetivo determinado e consciente.

Uma colcha de retalhos é Determinismo, uma teia, é determinação.

O primeiro ensinamento que uma teia de aranha nos fornece, é a paciência. O segundo é a objetividade prática. O propósito maior de uma teia, não é a beleza, é a sobrevivência. A teia é uma grande armadilha para que a aranha possa se alimentar e também uma proteção contra predadores. Ao mínimo toque, a aranha fica sabendo sobre o que acontece no seu entorno (alimento/perigo). Pessoas determinadas, positivamente, são mais atentas aos perigos e distrações da vida. E quais são os perigos e distrações? Cair no fatalismo do momento presente ou não prestar atenção no quadro maior por causa de problemas pontuais (crise, desemprego, solidão, etc). Quando isso acontece, é a teia que te prende e o positivo (consciência) se transforma em negativo (inconsciência).

Uma teia, é um elemento consciente. É uma extensão da consciência da aranha. É como um campo de força. É um universo. Ser determinado é ser objetivo e consciente. Ser determinado não representa o sucesso do resultado final mas estabelece o seu propósito de alcançar esse resultado. Não é à toa que a teia de aranha seja comparada com o ato de tecer a vida e o seu oposto, a colcha de retalhos, com a fragmentação da própria vida.  

TECENDO A SUA TEIA, SAINDO DA COLCHA


Todas as pessoas estão presas numa mesma teia inescapável de mutualidades, entrelaçadas num único tecido do destino. O que quer que afete um diretamente, afeta a todos indiretamente. Eu nunca posso ser o que deveria ser até que você seja o que deve ser. E você nunca poderá ser o que deve ser até eu seja o que devo ser. - Martin Luther King
Infelizmente, uma teia não dura para sempre. Ela não é uma zona de conforto. A sobrevivência depende do movimento e da ação. Precisamos tecer novas teias continuamente e por toda a vida. Qual o nome do maior meio de comunicação de todos os tempos, presente todos os dias em nossas vidas? Word(Mundo)Web(Teia), mais conhecida como Internet. Viu só? Estamos todos na mesma teia.

Podemos escolher entre sermos entrelaçados ou embaraçados na Teia do Mundo. Podemos assumir um papel determinista, fatalista e um discurso vitimizante por causa dos nossos problemas pessoais e os dos outros que nos afetam ou atuar de maneira determinante e objetiva para o nosso destino desconhecido. O destino pode ser desconhecido mas a determinação sempre sabe aonde quer chegar. E isso faz diferença.

A Vida acontece. E quando Ela acontece, é melhor você prestar atenção (na sua teia). 

Até a próxima!


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2 comentários:

Graça Taguti disse...

Oi Marcos que texto agudo e oportuno este... Gostei das reflexões entrelaçadas que me trouxe. Um abraço!

Agradecido, Graça!!!