SOMOS TODOS PORNOGRÁFICOS E O HEDONISMO VIAGRA BOTOX
Não mordas um prazer antes de ver se não há algum anzol escondido nele. Thomas Jefferson
Se você está lendo este artigo em algum momento que não seja o ano de 2015 (e espero que existam leitores, lá de 2025 em adiante, que encontrem esse blog), saiba que o dia 22 de novembro definiu o momento histórico da sociedade com um anúncio que, no mínimo, parece uma piada: a fusão da Pfizer (Viagra) e Allergan (Botox) pelo valor estimado de US$ 155 bilhões. Pronto. Somos, oficialmente, uma sociedade de velhos e velhas esticados e excitados. E isso vale muita, muita grana.
Passeando por pesquisas diversas, ficamos sabendo que as mulheres brasileiras estão na liderança de acesso aos sites pornográficos (leia aqui) onde a média
mundial é de 10 minutos e 10 segundos para as mulheres, e 9 minutos e 22
segundos para os homens. Saindo do sexo e indo para outras áreas de prazer, descobri que somos a sociedade que mais consome açúcar (o brasileiro consome 3x mais que a média mundial) e fast-food de todos os tempos. Sobre gorduras e sal, melhor nem falar.
A soma de todo esse banquete realmente pornográfico tem um nome bem bonitinho: Hedonismo
O "prazer" pode ser definido qualquer sensação que cause satisfação imediata ao indivíduo, gerando bem-estar e relaxamento. Isso, provavelmente, você já sabe. Porém, os mecanismos do prazer não são uma ciência exata. O prazer pela dor (masoquismo), o prazer pelo sufocamento (Hipoxifilia ou Asfixia Erótica) e outras taras sexuais, por exemplo, ainda intrigam a psicologia e a ciência.
O prazer é uma necessidade biológica que funciona de forma instintiva nos animais e como desejo para os seres humanos. Um desejo que tornou-se praticamente insaciável.
Na sociedade atual, a busca frenética pela satisfação em qualquer área da vida e a recusa sistemática do fracasso (desprazer) desenvolveu um novo modelo de conduta onde comidas, bebidas e produtos como roupas, carros e aparelhos eletrônicos tornaram-se sinônimos de prazer imediato e (quase) acessível para todos.
O erotismo está presente em comerciais de fast-food, computadores e até para vender remédios para impotência e brinquedos. O prazer como sinônimo de felicidade agora não é apenas conjugal ou pessoal mas também social: ser feliz no mundo contemporâneo é ter algo, alguém ou qualquer coisa que possa "representar" fisicamente a felicidade, antes considerada um sentimento lúdico e intangível (que não pode ser tocado, apenas sentido).
Ironicamente, a maioria dos prazeres são fugazes e passageiros. Eles não duram porque não foram feitos para durar (eternamente). E quando o prazer passa, vem a insatisfação trazida pela consciência e a necessidade de se obter mais prazer. Toda comunicação atual carrega a missão "altruísta" de trazer o seu prazer de volta com uma promoção para comprar aquele celular novo, fazer a plástica para te deixar mais "jovem" ou 50 tons de como apimentar a relação que caiu na rotina.
Envelhecer não faz mais parte dos planos de uma sociedade hedonista e a imagem do ancião sábio periga ser trocada por uma pessoa "da melhor idade" com dentes extremamente brancos, roupa de academia e um discurso liberal-naturalista mais superficial do que frase de biscoito da sorte.
(A Palavra) “pornografia” vem do Grego PORNOGRAPHOS, “aquele que escreve sobre prostitutas”. Forma-se por PORNE, “prostituta”, originalmente “comprada, trocada”, de PERNANAI, “vender”, mais GRAPHEIN, “escrever”. Inicialmente se aplicava à arte e escrita clássicas. Modernamente é que a palavra se aplicou ao que é sexualmente malicioso. - http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/pornografia/Quando entendida na sua complexidade, o Hedonismo é uma prática que transforma positivamente a nossa visão do mundo e o caminho que escolhemos para nossa felicidade. A essência do prazer pela vida requer uma contemplação muito distante dos valores enaltecidos pela publicidade, a propaganda e as indústrias farmacêuticas e cosmética. O problema não está apenas no quanto se consome mas porquê se consome.
Prazer é também uma questão de educação pessoal. Pessoas que não tiveram a oportunidade ou a vontade de se educarem na juventude e na idade adulta, tendem a valorizar os bens materiais como afetivos e consumir por carência emocional.
A crise ocorre na chegada da velhice, quando se percebe que o corpo não é mais a fonte para se obter prazer e a mente não se desenvolveu intelectualmente para apreciar satisfações mais lúdicas e sensoriais como a música, a pintura e o sabor dos alimentos em quantidades moderadas. Famintos e estimulados pela mídia do consumo (inclusive do que se supõe saudável), caimos na armadilha da transferência do prazer e toda culpa que vem com ela. E dá-lhe remédios para emagrecer, pílulas para depressão, corridas para academia, dietas loucas e por aí vai. Será que precisa?
Todo prazer esconde um vício em potencial. E todo vício esconde uma necessidade não satisfeita. Enquanto os romanos praticavam banquetes onde comiam e depois vomitavam (na sacada do palácio, em um lugar feito para isso) para voltar e comer ainda mais, os gregos preferiram colocar na entrada do seu mais famoso templo (Delfos, dedicado ao deus Apolo) a frase "Nosce Te Ipsum" ou conhece-te a ti mesmo onde, posteriormente, Sócrates acrescentou "nada em excesso".
Em tempos de festa e comemorações, de mesas fartas ou não, e promessas de mudar "para melhor" no ano que vem, nada melhor do que descobrir se você é mais grego ou romano porque, no fim das contas, o maior prazer que existe é a gente saber realmente quem é e o que fazer com isso.
Até a próxima!!!
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