AS VIAGENS DE GULLIVER - JONATHAN SWIFT E A MEDIOCRIDADE DOS PEQUENOS GRANDES HOMENS.
"Se eu tivesse que fazer uma lista de seis livros a
serem preservados quando todos os outros fossem destruidos, certamente
colocaria Viagens de Gulliver entre eles." - George 0rwell, Politics vs
Literature
Desafio para nova geração, ler um clássico hoje pode ser comparado como trocar os joguinhos do i-pad por um peão ou brincar de amarelinha. Quem ainda pode se interessar pela história de um náufrago que vai parar em uma ilha habitada por serem pequeninos? E por quê?
Você até pode ler a resenha de Gulliver's Travels (1726, alterado em 1735) lá na Wikipédia e conhecer a história toda mas acredito que isso vai tirar um pouco do prazer da leitura. Ou pode contar com o seu conhecimento popular, onde temos um gigante se relacionando com estes humanos minúsculos em todos os sentidos (etico, moral, etc).
O autor irlandês Jonathan Swift (1667 - 1745) buscou a sátira (uma técnica literária ou artística que ridiculariza um determinado tema como indivíduos, organizações, estados) para desenvolver as complexas relações de poder nos reinos de Liliput e Brobdingnag (esta, uma Terra de Gigantes, maiores que Gulliver). Com as devidas proporções, Orwell trabalhou o mesmo tema em outro clássico, A Revolução dos Bichos, de 1945. Ou seja, os dois livros debatem a mediocridade das hierarquias de status e poder das classes sociais e seus governantes.
Reduzir uma crítica social a um punhado de frases reclamonas de descontentamento em Redes Sociais é fácil: difícil é criar todo um universo de avaliação que vai na raiz do problema da desigualdade. É o que Swift realiza com criatividade e inovação (para época). Dividido em partes bem fundamentadas, As Viagens de Gulliver expõe todos os clichês do comportamento humano diante do poder, da cobiça e do preconceito.
Na parte que mais gosto, Gulliver encontra os Houyhnhm, uma raça de cavalos inteligentes que consideram o Homem como um ser egoísta, bruto e estúpido. O nome dessa raça imperfeita? Yahoo (A ferramenta Yahoo! foi batizada inspirando-se neste povo, que era "rude e imperfeito".)
As boas histórias sátiras usam da sutileza, não da comédia. É o caso da profissão de Gulliver, um cirurgião. Conhecer a anatomia humana é uma coisa mas os sonhos e delírios só podem ser descobertos através da experiência viva e não da autópsia de seres inanimados. Swift disseca as personalidades pelo olhar curioso de Gulliver. A conclusão não é das melhores: o "animal humano", mesmo sendo o único capaz de pensar, se apresenta como um dos seres mais idiotas da natureza. Ou será que não?
As Viagens de Gulliver pode (e deve) ser lido por crianças dos oito aos oitenta anos sem perder seu conteúdo crítico essencial. Para quem prefere imagens, as melhores versões adaptadas para o cinema são:o cartoon animado As Viagens de Gulliver
(1939) e Gulliver's Travels, de 1996. A mais recente (2010) é um filme de Jack Black e não de Gulliver. O livro também pode ser encontrado em pdf. Boa viagem!
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