APENAS UMA NOITE - O AMOR COMO ILUSÃO, FUGA E ABANDONO.
Confesso que torci o nariz para ver este filme cheio de estrelinhas de Hollywood. Sam Worthington (de Avatar) é ruim de doer, fora do gênero ação. Mas temos Eva Mendes para enfeitar e Keira Knightley, talento de verdade, para compensar. Então, pensei: "Por que não?" E Apenas uma Noite (Last Night, 2010) vale seus 93 minutos. Veja o trailer:
A direção de estréia da escritora e roteirista Massy Tadjedin peca na dinâmica do tempo arrastado para demonstrar o tédio do casal bem-sucedido, Knightley - Worthington, mas ganha nos diálogos. Falar sobre amor, fidelidade e traição não é fácil. Entender a complexidade de um relacionamento (os "quês" e os "porquês") é tarefa espinhosa e sofrida. Se para "trair e coçar é só começar", basta um empurrãozinho do ciúme pro caldo todo desandar.
Uma viagem de negócios, um amor do passado, uma nova chance, jogos mentais e decisões. Apenas uma Noite é DR (discutir a relação) braba mesmo, sem romantismo. O legal é que isso acontece trocando os casais. Eva Mendes, a suposta "causa" do conflito, veste-se apenas de sua beleza natural, sem maquiagem e sua personagem é, de longe, a melhor. Não vou dar spoiler. Fique esperto com a cena da piscina e vai entender.
Ao não dizer o que precisa ser dito, preservamos a paz da relação mas deixamos o amor em conserva no pote de maionese. Parado e estático, mergulhado nas convenções da vida e suas rotinas, esse amor conservado escurece e solta um líquido viscoso, um ranço de sabor amargo e distorcido que aguarda para ser comido frio na forma de atos de rancor e vingança por ter sido esquecido, reduzido, trocado.
Alex (o ator francês Guillaume Canet que lembra muito Patrick Dempsey de Grey's Anatomy) incorpora nossos erros de timing, do tempo certo. Tudo nele é passado, sonho e lembranças. É aquela pessoa que ainda não percebeu que a fila andou ou precisar andar. Virou pote de picles. Conservou demais o que deveria ter sido consumido no momento adequado. É um exemplo comum nos dias de hoje, aquele no qual deixamos o amor em segundo plano em detrimento da carreira, planos e sonhos. Cuidado, porque depois é sempre depois. Amor também tem prazo de validade.
Resista à tentação de esteriotipar os acontecimentos com argumentos como 'cafajeste' (pare ele) e 'vagabunda' (para elas). Trair ou não aqui é o que menos importa. Vale mais pensar no que e não em quem está sendo desonrado: o amor ou a pessoa?
De maneira geral, Apenas uma Noite é um filme para ser assistido com maturidade porque gera DR e pode complicar as coisas para quem já está em dúvida sobre o seu relacionamento ou com alguma pulga atrás da orelha. Para os adultos, abra uma garrafa de vinho e chame outros casais para assistir junto. Pode ser tenso mas, com certeza, é mais divertido.
Não é o melhor filme do gênero (confira Cenas de um Casamento, 1973 de Ingmar Bergman e Gata em Teto de Zinco Quente de 1958 com Elizabeth Taylor e Paul Newman) mas passa o recado: invista no amor real para que a realidade não seja uma (decepcionante) ilusão. Até mais.
A direção de estréia da escritora e roteirista Massy Tadjedin peca na dinâmica do tempo arrastado para demonstrar o tédio do casal bem-sucedido, Knightley - Worthington, mas ganha nos diálogos. Falar sobre amor, fidelidade e traição não é fácil. Entender a complexidade de um relacionamento (os "quês" e os "porquês") é tarefa espinhosa e sofrida. Se para "trair e coçar é só começar", basta um empurrãozinho do ciúme pro caldo todo desandar.
Uma viagem de negócios, um amor do passado, uma nova chance, jogos mentais e decisões. Apenas uma Noite é DR (discutir a relação) braba mesmo, sem romantismo. O legal é que isso acontece trocando os casais. Eva Mendes, a suposta "causa" do conflito, veste-se apenas de sua beleza natural, sem maquiagem e sua personagem é, de longe, a melhor. Não vou dar spoiler. Fique esperto com a cena da piscina e vai entender.
Ao não dizer o que precisa ser dito, preservamos a paz da relação mas deixamos o amor em conserva no pote de maionese. Parado e estático, mergulhado nas convenções da vida e suas rotinas, esse amor conservado escurece e solta um líquido viscoso, um ranço de sabor amargo e distorcido que aguarda para ser comido frio na forma de atos de rancor e vingança por ter sido esquecido, reduzido, trocado.
Alex (o ator francês Guillaume Canet que lembra muito Patrick Dempsey de Grey's Anatomy) incorpora nossos erros de timing, do tempo certo. Tudo nele é passado, sonho e lembranças. É aquela pessoa que ainda não percebeu que a fila andou ou precisar andar. Virou pote de picles. Conservou demais o que deveria ter sido consumido no momento adequado. É um exemplo comum nos dias de hoje, aquele no qual deixamos o amor em segundo plano em detrimento da carreira, planos e sonhos. Cuidado, porque depois é sempre depois. Amor também tem prazo de validade.
Resista à tentação de esteriotipar os acontecimentos com argumentos como 'cafajeste' (pare ele) e 'vagabunda' (para elas). Trair ou não aqui é o que menos importa. Vale mais pensar no que e não em quem está sendo desonrado: o amor ou a pessoa?
De maneira geral, Apenas uma Noite é um filme para ser assistido com maturidade porque gera DR e pode complicar as coisas para quem já está em dúvida sobre o seu relacionamento ou com alguma pulga atrás da orelha. Para os adultos, abra uma garrafa de vinho e chame outros casais para assistir junto. Pode ser tenso mas, com certeza, é mais divertido.
Não é o melhor filme do gênero (confira Cenas de um Casamento, 1973 de Ingmar Bergman e Gata em Teto de Zinco Quente de 1958 com Elizabeth Taylor e Paul Newman) mas passa o recado: invista no amor real para que a realidade não seja uma (decepcionante) ilusão. Até mais.
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