O PEQUENO PRÍNCIPE - A PARÁBOLA EXISTENCIALISTA DE ANTOINE DE SAINT-EXPÉRY.

quinta-feira, maio 24, 2012 Marcos Henrique de Oliveira 0 Comments


Tu não és para mim senão uma pessoa inteiramente igual a cem mil outras pessoas. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... - Antoine de Saint-Exupéry

Para falar de uma obra como O Pequeno Príncipe, terei que lhe pedir que leia este artigo em um local silencioso, que tire seus sapatos, que esqueça dos problemas cotidianos, que desligue o telefone e fique o mais confortável possível. Terei que lhe pedir que entenda o que significa um ritual. Será que você consegue?

Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry (1900 - 1944) sabia o que era um ritual. Como piloto cívil e militar, ele viu o mundo do ponto mais alto (céu/universo) e do local mais baixo (sua última tarefa foi recolher informação sobre os movimentos de tropas alemãs na Segunda Guerra Mundial e foi derrubado na noite de 31 de julho de 1944, aos 43 anos de idade). Saint-Exupéry pôde enxergar a existência humana nos seus piores e melhores momentos e isso é importante para entender o valor literário e filosófico de O Pequeno Príncipe.

Existencialismo é um termo aplicado a uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX que, apesar de possuir profundas diferenças em termos de doutrinas, partilhavam a crença que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual. No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo - Wikipédia

Apesar de não ter encontrado nenhuma referência direta do autor ao movimento existencialista, é quase impossível não perceber os tons de vida/morte, amigo/inimigo, sociedade/indivíduo presentes no texto (se você estiver consciente do que está lendo). Apenas algumas pessoas conseguem entender o sentido "ritual" de uma leitura, da conexão entre leitor/personagem/autor, o que é uma pena. Se você nunca experimentou uma relação assim com um livro, O Pequeno Príncipe é um ótimo ponto de partida.

Um ritual não é apenas aquilo que você repete todos os dias, isso é rotina. Um ritual representa um momento de conexão com algo fora do mundo comum e ordinário, algo que precisa ser visto com valor pelo que representa para você como pessoa e mais ninguém. Saint-Exupéry fornece uma linda explicação sobre o que significa o rito para personagem da Raposa que conversa com o menino/velho Príncipe (veja o vídeo abaixo).

A riqueza de simbolismo (rosa, vulcões, cobras, estrelas, reis) não são apenas alegorias da narrativa: são pistas simbólicas que escondem novas interpretações, que evoluem e se transformam de acordo com a idade e desenvolvimento pessoal de cada leitor. Reconhecer o símbolo significa estar dentro do ritual, conectando você a um entendimento mais profundo daquilo que te emociona, questiona, reflete. O Pequeno Príncipe não é para crianças: é para Criança dentro de você.

Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.

Clássicos como O Pequeno Príncipe precisam ser separados do joio dos livros comerciais de histórias açucaradas com frases-feitas de auto-ajuda ou Memes jogados nas Redes Sociais. Esta é uma obra que pede o seu respeito, um ritual. Convido você a tirar os sapatos e começar a sua leitura. Até a próxima.







Links:
O Pequeno Principe - Google Livros http://bit.ly/Lv6tvy
O Pequeno Príncipe - Tradução em Português por Vinna Mara Fonseca - http://www.cirac.org/VMF-principe-pt.htm
O Pequeno Príncipe - Pensador http://bit.ly/Lv75kX

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