QUERO TE VER MAIS DE PERTO E A VERDADE EM ALTA RESOLUÇÃO

quarta-feira, julho 27, 2016 Marcos Henrique de Oliveira 0 Comments


Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa - Rubem Alves

Tem um mundo aí fora que anda cheio de filtros. Um mundo que rejeita cheiros e cores naturais, que bloqueia o que considera defeito e aplica camadas e mais camadas de "branco cristalino" e maquiagem "que vai te deixar x anos mais jovem".  

Tem um mundo aí fora que pressupõe o que você deseja porque seus desejos estão todos expostos nas suas Redes Sociais, assim como estão suas fragilidades.

Tem um mundo aí fora que diz que te conhece e pode te fazer feliz. Feliz como alguém eterno e sem responsabilidades. Feliz como um bebê ignorante e sempre carente de cuidados. Porém, não somos mais bebês.

Ou ainda somos?

A TERRA REAL


A imagem acima foi tirada pelo satélite meteorológico russo Elektro-L usando uma tecnologia moderna (veja aqui) que gerou imagens inéditas do planeta Terra. Aquelas imagens cheias de nuvens e azul predominante são coisa do passado. Agora a Terra pode ser vista como realmente é: cheia de falhas e buracos mas ainda linda e verdadeira. E as pessoas que vivem dentro dela?

A pele sempre bronzeada, os dentes brancos como a neve, a depilação excessiva, o corpo malhado até a exaustão. Algo como uma "mentalidade Michael Jackson" está transformando a maioria na chamada "Geração do Filtro" (uma alusão aos filtros e efeitos usados no Instagram e Photoshop)

Porém, assim como Michael Jackson não podemos esconder quem somos (por dentro e por fora) durante muito tempo. Mas ficamos tão acostumados com a idealização distribuída nas Redes Sociais com seus selfies e nudes que, quando encontramos a pessoa real, ela parece opaca, sem cor e sem brilho.

É o choque da realidade versus a idealização que está afastando, inclusive, as possibilidades de ser feliz com o que temos e recebemos. É a ilusão de uma desejada eternidade que nos afaste da ideia de morrer, ficar doente e, óbvio, envelhecer. Afinal, quem você pensa que está enganando, além de você mesmo?

O VOCÊ REAL


"As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental", dizia o pegador Vinícius que era brilhante, alcoólatra e fora dos padrões de beleza. A ideia de estar fora ou dentro de um padrão tornou-se um processo de escravidão voluntária e desejo para aqueles que se consideram feios

Muito pouco ou quase nada disso tem a ver com a saúde. Em um nível inconsciente, isso nos afasta até mesmo do conhecimento. Filmes antigos, por exemplo, mostram pessoas dentro de um padrão real, mesmo que maquiadas. Sem perceber, começamos a evitar o que a sociedade, como um todo, considera fora do padrão vendido pelo mercado de cosméticos, pastas de dente e cirurgias estéticas

Em um caso extremo, uma menina que se considerava baixa demais, aceitou quebrar as duas pernas para se submeter a uma cirurgia de alongamento (veja aqui). Parece que existe algo de "menos humano" em nós, algo artificialmente perfeito demais. Essa é a mesma sociedade que deveria ter o papel de educar a próxima geração. Será que no futuro, teremos apenas Barbies e Kens, de todas as cores, espalhados por aí? Espero que não.

A NATUREZA HUMANA REAL


Saltos evolutivos levam milhares de anos para acontecer mas sempre partem de uma base de lançamento. Com as Redes Sociais, avançamos no uso da Tecnologia para melhorar a nossa comunicação. O mesmo aconteceu em outras áreas, mas tudo tem dois lados. Devemos sempre questionar o caminho do nosso progresso e suas consequências com o objetivo de ajustar os possíveis erros na trajetória. Antes que um erro se torne uma verdade comum e enganosa.

Nos abrimos para uma série de escolhas infinitas de como como nos vestir, comer, sociabilizar e viver. Ganhamos, por assim dizer, a liberdade de ser qualquer coisa. Só que "qualquer coisa" não é exatamente ser uma pessoa. SER possui um significado mais profundo e dá muito mais trabalho. E somente você pode decidir o que vai colocar depois desse "ser" e como isso, realmente te representa. E se não for você, alguém vai fazer isso.

Você pode colocar dois chifres e bifurcar a sua língua, se quiser. Você pode se transformar em um Barbie ou no Super-Homem. Mas deveria? A segregação mais invisível, aquela da qual quase ninguém fala, é exatamente a segregação do comum, do natural e do ordinário (conforme ao costume, à ordem normal). SER normal pode SER uma beleza!


Ser comum é o mais extravagante que você poderia ser hoje em dia, é sério. Imagine gostar do que gosta (porque gosta mesmo e não porque um grupo curte), consumir apenas o que realmente precisa (e não ser engolido por propagandas e anúncios que tentam te vender tudo), não se preocupar se o seu "look" corresponde ao que as pessoas desejam ver em você, olhar para o espelho e sorrir para o que vê, sem poréns. Pô, isso que seria liberdade de verdade, né?

O caminho de volta ao natural é muito difícil e talvez nunca aconteça. A perfeição é muito sedutora e sempre vai te alcançar, não importa qual o tamanho da sua vaidade. Sempre queremos mudar alguma coisa e chamamos isso de evolução. 

Mas, em tempos de realidades virtuais e televisões 4K, talvez seja legal voltar toda essa "resolução" para dentro de si mesmo (SELF) e resolver, primeiro lá e depois do lado de fora. Suas marcas, cicatrizes, pintas, verrugas, manchas na pele, idade e tempo de vida agradecem. Afinal, o real tem essa conotação de algo nobre e verdadeiro (realeza). Então, por quê fugimos tanto dele?

Um bebê, com sua pele nova e lisa, não tem histórias pra contar. Você, seu corpo e sua pele, têm. Até a próxima.

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