A ilha do Dr. Moreau de H. G. Wells.

terça-feira, fevereiro 08, 2011 Marcos Henrique de Oliveira 1 Comments


A primeira vez que li este livro foi aos 14 anos. Desde de criança, sou fascinado pela literatura fantástica, pelo mistério e pelo terror. Nunca fui muito afim de ler histórias de meninas dentuças com coelhinhos e planos infalíveis. H. G. Wells é (estou usando o tempo presente aqui) um visionário que comparo ao diretor de Titanic e Avatar, James Cameron. Porém, Cameron nunca vai chegar perto de Wells. E vou dizer o porquê.

Herbert George Wells nasceu em 21 de Setembro de 1866. A invenção do telefone só tinha 6 aninhos e era chamado de "telégrafo falante". A televisão só aconteceria quase 100 anos depois. Wells tinha, à sua disposição, apenas o que todos nós temos: a imaginação. Nada de efeitos especiais nem 3D. Suas ferramentas eram o Bico de Pena e a observação constante da natureza humana. 

Além de A ilha do Dr. Moreau (1896), na categoria Literatura Fantástica ou ficção científica, Wells escreveu A Máquina do Tempo (1895), O Homem Invisível (1897) e a A Guerra dos Mundos (1898). Em seus livros, a preocupação com o destino e o futuro da humanidade (e do planeta) eram os presságios dos medos do séc. XX e XXI como a guerra nuclear, manipulação genética e soberania americana (ele era inglês). Todos viraram filmes. Nenhum deles chegou nem perto da grandeza narrativa de Wells. A versão de A Ilha do Dr. Moreau (1996) com um obeso Marlon Brando é deplorável. Nem veja. 

A ilha do Dr, Moreau é um retrato fantástico do orgulho humano, quando o homem resolve brincar de Deus. Narrado em primeira pessoa, conta a história de Edward Prendick, um naufrágo que após ser resgatado, é levado até a ilha do Dr. Moreau. Contar mais do que isso é estragar a surpresa (do livro, já que existem os filmes).

 
Wells conduz uma história sólida que faz do ponto de vista do personagem, o olhar do leitor. Como bom virginiano, Wells descreve detalhadamente cada cena. Sua narrativa é de cinema, de roteiro, onde a câmera-personagem direciona o leitor para o foco:

"Afrouxei a pouco e pouco a corrida e parei exatamente no momento em que desembocava em uma clareira. Era uma espécie de escavamento feito na floresta pela queda de uma grande árvore; os rebentos irrompiam já por todos os lados para reconquistar o espaço despendido e, para além, continuavam os troncos densos, as trepadeiras entrelaçadas e as moitas de plantas parasitas e de flores. Diante de mim, acocoradas sobre os restos da árvore e ignorando ainda a minha presença, estavam três criaturas grotescamente humanas."

Uau! São trechos como este que (na minha opinião) diferenciam a literatura do cinema e porque é tão importante continuar a ler e reler as grandes obras da Literatura Universal. Escritores como Wells são referência absoluta para qualquer iniciante na arte de contar histórias. Eles nos fazem lembrar que lá dentro da sua cabeça, você é o diretor, o pintor, o artista. Você é James Cameron, Picasso e Robert de Niro. Você é o dono da sua imaginação. 

Portanto, esqueça por um momento toda a "modernidade" que te cerca e embarque nesta aventura essencial de leitura. E depois, venha comentar por aqui, ok? Até a próxima!


Fontes: 

1 comentários:

excelentes anotações! me inspirou...hehhee bjs e parabéns