Uma Palavra - Vontades

quarta-feira, novembro 17, 2010 Marcos Henrique de Oliveira 2 Comments

 “As pessoas comuns pensam apenas como passar o tempo. Uma pessoa inteligente tenta usar o tempo.” – Arthur Schopenhauer

Começo este artigo com uma mentira logo no título: não existe vontades. A vontade, quando surge, é tão poderosa que não aceita concorrência, não permite adversários. A vontade é um ato supremo.

Porém, a vontade só pode tornar-se ato quando atravessamos os inúmeros bloqueios que nos prendem entre a escolha e a dúvida, entre a moral e o social, entre os papéis que representamos e a verdade por trás da máscara. Difícil? Sim. Impossível? Nem tanto.

Vontade parece ter algo a ver com verdade. Fiquei confuso e fui pesquisar. Segundo o esquema clássico, a vontade implica:

1.° numa evocação dos motivos
2.° numa deliberação
3.° numa decisão
4.° numa execução

O ato voluntário não é a manifestação espontânea de um desejo; supõe uma reflexão e a tomada de suas responsabilidades.*

Caraca, agora sim! Para ter vontade, primeiro tenho que ter um motivo, algo que me faça sair do estado parado para ação. Porém, como sou humano, dúvidas sempre aparecem. Parto então para deliberação (que é o mesmo que discutir comigo mesmo), os prós e contras da minha vontade. Posso até chamar um bom amigo para participar.

Feito isso, tenho que tomar uma decisão. Sim, porque a vontade pede decisão. E tenho que executar. Palavra legal essa. Para realizar a minha vontade, eu tenho que matá-la. Sou então, um assassino das minhas vontades.

“Por sabedoria entendo a arte de tornar a vida mais agradável e feliz possível.” – Arthur Schopenhauer

“Não tenho vontade de estudar”, “Tenho vontade de me separar”, “Não tenho vontade de escrever”, “Tenho vontade de gritar”, “Não tenho vontade de trabalhar”. Toda falta de vontade é uma vontade que falta, percebeu? A não-vontade disfarça a vontade verdadeira, aquela que talvez não responda as normas sociais.

Mas é preciso separar a vontade do desejo. O desejo é outra coisa, você viu. Adolescentes adoram ter vontades, mas estão querendo atender seus desejos. Sair do simples desejo para vontade verdadeira é um processo de maturação porque a vontade implica uma reflexão, um pensar, uma responsabilidade. Tornar-se um assassino de vontades não é pra qualquer um.

As coisas que você faz e as coisas que não fazem você são as decisões que estão por trás das portas do desejo e da vontade. O caminho do desejo e o caminho da vontade podem até se cruzar lá na frente, mas começam em lugares diferentes. Qual porta você vai abrir primeiro?

Fontes:

2 comentários:

Helena Perdiz disse...

Excelente.
Deu até vontade de comentar!

Sinseramente eu não achei nada,mas pra cumprir o ritual,vamos lá então...passo a me perguntar,o que é verdadeiramente vontade...será que não é o desejo de algo.primeiro pra se ter vontade é nescessário querer daí vem o desejo de ter ou possuir,entendeu...possuir algo,o que por exemplo,a vontade...essa é a questão em si...dai tendo a vontade vem outra questão o que fazer com ela...dá pra se fazer algo,depende somente de ti...em fazer ou não fazer eis a questão...somos senhores de nossas próprias vontades e de nossas próprias verdades...o que fazer com uma vontade,precisamos conhece-la muito bem pra depois domina-la e manipula-la...já pensou muito bem nisso...é isso que faz com que nós sejamos senhores das nossas próprias vontades...e é tão verdade isso que ninguem ousou em descordar em todos esses séculos...lupcamp@hotmail.com